O que encontrará de especial neste disco alguém que já ouviu a discografia dos My Bloody Valentine, Slowdive, Lush, Catherine Wheel, Jesus And Mary Chain et al? O mais provável é que seja nada. Por outro lado, os Ex Cops sabem copiar, construir uma canção pop com a quantidade certa de ruído, sabem olhar para o céu e encontrar um abismo onde se lançarem. True Hallucinations é um disco algo esquizofrénico - sendo que os Ex Cops parecem ainda não saber muito bem aquilo que querem fazer - mas papa-se. Agora mais que está calor e o tipo de som convida.

Falemos portanto de alucinações: "The Millionaire" chega perto, com o seu sintetizador de fim de tarde e guitarras jangly a adocicar. De resto, os Ex Cops - nome aliás curioso, e imagine-se que todos os polícias do mundo abandonavam as suas funções, que mundo maravilhoso e anárquico seria - e é precisamente o adjectivo anárquico que melhor se conjuga com este disco, pela variação de sonoridades: num minuto estupidamente twee, no outro mais espacial, a primeira faixa ("S&HSXX") é um minuto e pouco de electrónica, etc.. Mas dizíamos: de resto, os Ex Cops não permitem grandes alucinações. Falta um estalo que nos leve a gostar deste disco mesmo a sério.

Ficam as afinidades com o passado (isto é porreiro porque copia coisas de que gosto), as canções e a tentativa. "Broken Chinese Chairz" é um sorrisinho de criança; "Spring Break" e a sua onda cantarolável anuncia-se como a melhor canção do disco; "Jazz & Information" é rock de Wayfarers e saxofone ao fundo, em loop (um plágio descarado aos Spiritualized, portanto); e "James" tem uma batida capaz de fazer gingar minimamente o corpo, por isso passa na inspecção. Fora isso, há coisas melhores para fazer com o nosso pouco tempo.