Vencedor do prémio “Thelonious Monk International Saxophone Competition” de 2008, Jon Irabagon é um saxofonista virtuoso que vem trilhando um caminho inigualável, desde o “mainstream” mais conservador até à improvisação total. Na condição de líder editou já meia dúzia de discos, entre eles os aplaudidos como The Observer e Foxy (este, também uma das melhores capas irónicas do jazz contemporâneo). Integra ainda os quintetos de Dave Douglas e Mary Halvorson e faz parte do quarteto Mostly Other People Do The Killing, que nos últimos anos tem desbastado sem vergonha o seu jazz hiperactivo e multi-referencial (até gravaram um disco ao vivo em Coimbra).

Hernâni Faustino (contrabaixo) e Gabriel Ferrandini (bateria) representam dois terços do RED Trio, um dos mais originais e premiados trios de piano da cena actual. Improvisadores vibrantes, Faustino e Ferrandini formam uma secção rítmica intensa e imprevisível, que tem construído um património musical sólido – notabilizando-se as parcerias com convidados de luxo como John Butcher e Nate Wooley.

Gravado em Lisboa, este disco editado pela polaca Not Two Records regista o encontro da dupla rítmica portuguesa com o saxofonista americano, tendo como território comum a improvisação absoluta. Desde logo sobressai a versatilidade do saxofone alto de Irabagon, que aqui desfila uma imparável torrente de ideias. Faustino e Ferrandini acrescentam bons pormenores individuais, mas é sobretudo no fluxo da comunicação comum que o colectivo é favorecido.

O trio revela uma rara facilidade de entendimento e consegue espontaneamente construir monumentos sonoros estáveis, que crescem de forma coerente. Não só é de aplaudir o fulgor imaginativo de Irabagon, que aparenta ser infinito, como também aos parceiros de ritmo, que se revelam fundamentais para a solidez desta imensa arquitectura sonora.