Discos ao vivo há muitos. Em jeito de antologia, em registo unplugged, como se fossem discos de estreia, outros que servem meramente como documento de um momento de uma certa banda na história. Há discos ao vivo sem história e discos ao vivo com história. E depois há discos ao vivo com histórias interessantes e outros que nem por isso.

Serve isto para dizer que Nineteen Live Recordings é um documento especial. Ao longo de seis anos, C. R. Matheny viajou pelos Estados Unidos com uma mochila às costas, e registou de forma lo-fi algumas das canções que foi apresentando em apartamentos, parques, caves e em todos os locais em que fez sentido documentar a existência da sua música. E com isto construiu um disco, espécie de diário de tour, espécie de memória colectiva de uma digressão, que é muito mais do que a soma das suas partes.

Para além da ideia, para além da honestidade, Nineteen Live Recordings é um belo disco de canções, de pequenos grandes hinos. Uma espécie de Best Of inesperado, colectânea orgânica de canções que se colam à memória com a força de mil ímanes. Uma guitarra e um homem pela estrada fora. E pouco mais: um piano ali, percussão de um grupo anónimo ao fundo, tosse aqui, palmas acolá. E beleza por todo o lado.