DISCOS
Caitlin Rose
The Stand-In
· 09 Mai 2013 · 10:38 ·
Caitlin Rose
The Stand-In
2013
ATO Records


Sítios oficiais:
- Caitlin Rose
- ATO Records
Caitlin Rose
The Stand-In
2013
ATO Records


Sítios oficiais:
- Caitlin Rose
- ATO Records
La vie en Rose.
Deixem-nos satisfazer os nossos impulsos de macho por um segundo: o sotaque de uma mulher pode ser (não: é mesmo) algo extremamente sensual. No caso específico da língua inglesa, não há como não amar a pronúncia sulista norte-americana; as mulheres de lá falam como se cantassem docemente, como se nos envolvessem nos seus braços e nos perguntassem o que queremos lanchar (coffee, tea, or me?), relegando para segundo plano todo aquele estereótipo guns, God and government que arruinou para sempre a nossa ideia de América. O que é triste. Porque significa que Caitlin Rose, texana, cantora country de voz doce e que tem em The Stand-In o seu segundo LP em sete anos de carreira, poderá vir a ser um dia alvo de críticas injustas.

Não no que toca à sua música, esperamos. Em The Stand-In há imenso mel açucarado, mas este esconde a amargura de canções de coração desfeito, como "No One To Call", logo a abrir, que é igualmente um lamento pelo estado actual da música que passa nas rádios (claro que Rose poderia pelo menos dar-se por satisfeita por não ter no seu país nenhuma Love Fury). Deixem-nos satisfazer os nossos impulsos de macho por outro segundo: alguém lhe dê os números de telemóvel da equipa Bodyspace. Mas continua, em "Pink Champagne", "Golden Boy", e "Old Numbers", por exemplo. Como é que alguém tão fofinha pode escrever canções tão tristes?

Faz parte do jogo e da Americana, da joie de vivre que é feita dos momentos bons e maus e da maravilhosa steel guitar que vamos escutando aqui e ali como é apanágio do género. The Stand-In poderia ser, talvez, menos pop ("Menagerie", então, parece uma tentativa falhada de chegar ao quarto ou quinto canal da MTV), mas é dotado de boas e bonitas canções e de uma voz que, até sem sotaque, faria com que nos apaixonássemos ao primeiro minuto de audição. Às vezes é só disso que precisamos; um abracinho e um café bem tirado.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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