Lysandre é, supostamente, baseado num romance que Christopher Owens, vocalista que recentemente abandonou os Girls, teve enquanto a sua ex-banda andava em tour. E isto, apenas isto, merece um mínimo de respeito; que Owens tenha vivido um love affair tão intenso que merece ser homenageado no seu primeiro disco a solo, resumido a trinta minutos de canções pop. Trinta minutos é pouco para um romance, dirão. Senhores, com trinta minutos fez-se um Histoire De Melody Nelson: não brinquem com estas coisas do coração. Pode dizer-se tanto em tão pouco.

E o que Owens nos parece querer dizer, essencialmente, com este primeiro disco, é que não precisa de estar colado a um "grupo" para coisa nenhuma - Lysandre pretende funcionar, nestes termos, como uma prova de força do norte-americano, como uma demonstração de que é perfeitamente capaz de funcionar como o motor de si próprio e da música que faz sem ter que se sujeitar a auxílios exteriores. Porém, falha redondamente... já que são os arranjos do grupo de músicos da Bay Area que repescou que confere às suas canções um tom mais grandioso - são estes que fazem, portanto, do romance que viveu algo que possa ser realmente lembrado.

Mesmo que ele falhe no que à "independência" diz respeito, Owens continua a mostrar que é um exímio criador de canções. "Here We Go", folk/pop com uma flauta deliciosa a complementar, a mexida "New York City", "Riviera Rock" - que apesar de praticamente instrumental é bem capaz de ser o melhor bombom do lote - e "Part Of Me", a encerrar o disco em tom mais confessional (oh, you were a part of me, but that part of me is gone...). Para já Owens e os seus romances estão aprovadíssimos - agora é esperar que nunca assente. Os forever alones cantam melhor o amor.