Um EP é uma bela oportunidade para abrir o apetite e o palato, mostrar o que aí vem, captar algum interesse aproveitando a elasticidade de um formato que dificilmente enfarta quem o ouve: ora são três canções, ora são quatro canções, ora tem remistura, ora não tem. Um EP é uma boa entrada: não substitui o prato principal, limita-se a antecipá-lo ou a anunciar a grandeza do que vem a seguir.

Depois de todo o burburinho, se a entrada dos Random Impulse é esta, apetece dizer que é melhor que nem nos sirvam o prato principal. No momento da concepção, alguém devia ter dito que esta mistura de punk e grime não funciona como devia funcionar. Primeiro porque a produção não está à altura do que esta receita necessitava, depois porque os ingredientes não funcionam bem em conjunto.

É bem provável que Random Impulse funcionasse melhor se tivesse optado pelo punk ou pelo grime. Mas apresentado assim, os dois mundos do EP The Wildcard parecem colados com fita-cola. Tudo muito frágil e prestes a desabar. Se calhar nem é preciso mudar o chef; se calhar chega acrescentar um ou outro ingrediente, unir mais os sabores, cuidar mais o tempero. Ou então experimentar um tipo de cozinha completamente diferente.