E agora algo completamente diferente. Depois de músicos como Matthew Herbert ou Moritz von Oswald e Carl Craig terem pegado no catálogo da Deutsche Grammophon e “remisturado” obras do repertório clássico, trazendo-as para linguagens contemporâneas, o britânico Max Richter quis ir mais além: reescrever as Quarto Estações de Vivaldi, passar tudo para uma partitura e deixá-la nas mãos de uma orquestra.

Recomposed by Max Richter: Vivaldi, The Four Seasons é exactamente aquilo que o seu título sugere. Uma reinterpretação de uma das mais célebres obras do período barroco entregue directamente nas mãos do violinista Daniel Hope (um dos mais brilhantes da sua geração) e da Konzerthaus Kammerorchester Berlin sob direcção de André de Ridder. E o resultado é brilhante. Respeitando maioritariamente a memória, Max Richter encontrou novos caminhos para uma (belíssima) obra interpretada vezes sem conta e até bem perto da exaustão (que me desculpem os puristas).

Com a inteligência que reconhecemos dos seus discos “a solo”, Max Richter aproximou dois mundos que raramente se encontram: a música clássica e tudo o resto. Há tradição aqui, é certo, mas apenas como ponto de partida para um disco que nem é música clássica, nem pós-clássica, nem música contemporânea: é um compromisso entre todas essas partes. Impossível não sorrir ao ouvir a volta que Max Richter deu ao terceiro andamento (Presto) do Concerto nº 2 (Verão) e desejar que o britânico dê o mesmo tratamento a outras obras da mesma importância.