DISCOS
Stephan Mathieu & Douglas Benford
Reciprocess + / vs. Vol. 02
· 09 Nov 2003 · 08:00 ·

Stephan Mathieu & Douglas Benford
Reciprocess + / vs. Vol. 02
2003
Bip-Hop
Sítios oficiais:
- Bip-Hop
Reciprocess + / vs. Vol. 02
2003
Bip-Hop
Sítios oficiais:
- Bip-Hop

Stephan Mathieu & Douglas Benford
Reciprocess + / vs. Vol. 02
2003
Bip-Hop
Sítios oficiais:
- Bip-Hop
Reciprocess + / vs. Vol. 02
2003
Bip-Hop
Sítios oficiais:
- Bip-Hop
O mais provável é que nunca tenha ouvido falar destes músicos, nem imagine que tipo de combate é este. Estamos em terreno puramente experimental, algures entre o electrónico, o dub e o techno ambiente. No fundo, um laboratório de novas expressões deste tipo de música, tão em voga entre outros músicos alemães (lembro-me de Burnt Friedman, Alva Noto ou Pole).
Este é o segundo álbum lançado pelas editoras Bip-Hop/Fallt, da série Reciprocess (o primeiro teve Bovine Life vs. Komet). O conceito passa por reunir dois programadores num confronto criativo, primeiro apresentando o mundo de cada um, para de seguida, através de uma colaboração conjunta, atingir o tal “processo de reciprocidade“ (daí o nome “reciprocess”). Por esta razão, parte das faixas é produzida por cada um dos artistas em separado, sendo as restantes o resultado do remix do trabalho de ambos. Não se trata de ver quem é melhor, mas antes atingir uma plataforma comum.
Douglas Benford, também conhecido por Si-cut.db ou Tennis, é alemão e o seu álbum mais conhecido é Behind You (1997). Do outro lado do ringue temos Stephan Mathieu (nome de combate Full Swing). Igualmente alemão, foi baterista no grupo de free-jazz Stol até 1998, altura em que se lançou a solo como programador. Descreve o seu trabalho como um “processamento digital de sons”, sendo Frequency Lib (2001) o seu cartão de visita.
O processo de composição deste tipo de música passa pela extracção de sons de álbuns de outros grupos ou de instrumentos acústicos, que são tratados por software próprio, de forma a atingir loops tão simples e fragmentados que quase não é possível reconhecer a sua origem. Há uma ressonância/vibração electrónica de fundo, uma parede de som que está sempre presente (como se alguém deixasse ligado um microfone ou como um telefone que fica em descanso). Por trás desta escondem-se ecos, fragmentos, partículas de outros sons. Em “octavia.drive” parece ser um teclado distorcido, em “chlorine.gen” uma torneira a gotear, em “Nerasighted. Gen” areia a escorrer. Há uma intenção de induzir um estado de transe (daí a repetição), sendo que a introdução destes fragmentos de som nos transporta para diferentes ambientes (tanto pode parecer que estamos no campo debaixo de uma chuva miudinha, como em ambiente subaquático).
O conjunto final é coerente mas fica a saber a pouco. Não creio que haja pobreza de elementos, apenas que estas incorporações são de tal forma minimalistas e subtis que é difícil distinguir quem toca o quê. Qual é marca de FullSwing? Que cunho distintivo deixa Si-Cut.db? Se não fosse pelo livrete do CD, não conseguiria distinguir um artista do outro, o que é feito independentemente e o que é feito em conjunto. Talvez seja propositada esta simbiose, esta diluição no universo um do outro, de tal forma que pareça indistinta. No entanto, à medida que fui ouvindo mais não pude deixar de notar que os temas criados por ambos são mais ricos e mesmo mais vivos (destaco cond.verg e divapops.stage).
É difícil definir algo que assenta tanto na abstracção e na subjectividade mas encontro uma boa frase utilizada pela revista The Wire – “acupunctura ambiente”. Para quem gosta de ser “picado” por estas coisas modernas…
Sofia BarbosaEste é o segundo álbum lançado pelas editoras Bip-Hop/Fallt, da série Reciprocess (o primeiro teve Bovine Life vs. Komet). O conceito passa por reunir dois programadores num confronto criativo, primeiro apresentando o mundo de cada um, para de seguida, através de uma colaboração conjunta, atingir o tal “processo de reciprocidade“ (daí o nome “reciprocess”). Por esta razão, parte das faixas é produzida por cada um dos artistas em separado, sendo as restantes o resultado do remix do trabalho de ambos. Não se trata de ver quem é melhor, mas antes atingir uma plataforma comum.
Douglas Benford, também conhecido por Si-cut.db ou Tennis, é alemão e o seu álbum mais conhecido é Behind You (1997). Do outro lado do ringue temos Stephan Mathieu (nome de combate Full Swing). Igualmente alemão, foi baterista no grupo de free-jazz Stol até 1998, altura em que se lançou a solo como programador. Descreve o seu trabalho como um “processamento digital de sons”, sendo Frequency Lib (2001) o seu cartão de visita.
O processo de composição deste tipo de música passa pela extracção de sons de álbuns de outros grupos ou de instrumentos acústicos, que são tratados por software próprio, de forma a atingir loops tão simples e fragmentados que quase não é possível reconhecer a sua origem. Há uma ressonância/vibração electrónica de fundo, uma parede de som que está sempre presente (como se alguém deixasse ligado um microfone ou como um telefone que fica em descanso). Por trás desta escondem-se ecos, fragmentos, partículas de outros sons. Em “octavia.drive” parece ser um teclado distorcido, em “chlorine.gen” uma torneira a gotear, em “Nerasighted. Gen” areia a escorrer. Há uma intenção de induzir um estado de transe (daí a repetição), sendo que a introdução destes fragmentos de som nos transporta para diferentes ambientes (tanto pode parecer que estamos no campo debaixo de uma chuva miudinha, como em ambiente subaquático).
O conjunto final é coerente mas fica a saber a pouco. Não creio que haja pobreza de elementos, apenas que estas incorporações são de tal forma minimalistas e subtis que é difícil distinguir quem toca o quê. Qual é marca de FullSwing? Que cunho distintivo deixa Si-Cut.db? Se não fosse pelo livrete do CD, não conseguiria distinguir um artista do outro, o que é feito independentemente e o que é feito em conjunto. Talvez seja propositada esta simbiose, esta diluição no universo um do outro, de tal forma que pareça indistinta. No entanto, à medida que fui ouvindo mais não pude deixar de notar que os temas criados por ambos são mais ricos e mesmo mais vivos (destaco cond.verg e divapops.stage).
É difícil definir algo que assenta tanto na abstracção e na subjectividade mas encontro uma boa frase utilizada pela revista The Wire – “acupunctura ambiente”. Para quem gosta de ser “picado” por estas coisas modernas…
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