DISCOS
Dirty Three
Towards The Low Sun
· 03 Dez 2012 · 10:36 ·
Dirty Three
Towards The Low Sun
2012
Bella Union


Sítios oficiais:
- Dirty Three
- Bella Union
Dirty Three
Towards The Low Sun
2012
Bella Union


Sítios oficiais:
- Dirty Three
- Bella Union
Não-hiato, não-regresso, cem por cento Dirty Three.
Já la vão sete anos desde Cinder, disco que apesar de não ter alterado grande coisa ao rock instrumental dos australianos se distinguiu na altura pela utilização, pela primeira vez, de vocais - nomeadamente os de Chan Marshall e Sally Timms -, como se os Dirty Three tivessem tido algo a dizer para além das melodias, do ambiente das suas canções. Após este não-hiato, pois que continuaram a dar entrevistas e concertos, o trio não necessitará de muito mais do que isto para formar um discurso que justifique o que seja. Towards The Low Sun é um belo disco, e que não se fale nele como um "regresso" ou "novo rumo" na carreira de Warren Ellis, Jim White e Mick Turner.

Logo a abrir, "Furnace Skies": jam psicadélica, ruidosa e solta como o melhor dos jazzes, que nos introduz na melhor maneira à viagem em direcção ao pôr-do-sol (chamemos-lhe pôr e não nascer, já que este disco nos desperta um certo sabor apocalíptico que, como é óbvio, remete sempre para um fim), a bateria, o órgão e a guitarra fundindo-se num objecto à primeira audição estranho mas que nos agarra se lhe dermos essa oportunidade. Para desaguar numa espécie de balada na mesma toada: "Sometimes I Forget You´re Gone", acompanhada por um piano melancólico, homenageando a saudade.

Até final ainda existe espaço para "Rising Below", de jeito slowcore (não esquecer que já colaboraram com os enormes Low e aqui o sol é... ok, demasiado rebuscado) até rebentar por via do violino de Ellis, da amargamente bonita "Rain Song" e, para terminar com o coração quente, "You Greet Her Ghost". Towards The Low Sun poderia ser comparado ao trabalho anterior do trio, mas não o merece. Avaliemo-lo por si só para que dele se retire tudo o que os australianos nos querem dizer. Que é imenso. Não precisam da ajuda de ninguém.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
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