Banda oriunda de Madrid, os Clint fazem a banda-sonora de filmes que nunca existiram. Talvez existam nas suas cabeças, talvez componham a pensar em plot holes e actrizes sensuais e efeitos especiais que deixariam George Lucas a chorar de inveja. Não sabemos. Sabemos que Asuntos Internos é o terceiro disco do quarteto espanhol e que é inteiramente instrumental.

«Inteiramente instrumental? Ah, então é pós-rock do qual ninguém quer saber, não é?». Bem, não. É boa música. É surf rock, é pop, é flamenco, é alguma electrónica, é teclados bonitos, é uma versão de Vic Chesnutt, é anos 80, Tarantino, Eastwood, Morricone, e é uma proposta agradável para quem quiser 1) ser mais obscuro que os obscuros e 2) arranjar ideias para uma curta-metragem que irá de certeza vencer inúmeros festivais indie. Ou então apenas ouvir algo que não perturbe grande coisa.

Assim de cabeça pegue-se em "Pólvora Eres", que, bem espetada num DJ set entre a "Nighttrain" de Kadoc e qualquer coisa dos Fool's Gold ou do El Guincho teria pernas para fazer mexer pernas, "Aparadores" (momento contemplativo ou cena em que o herói se decide finalmente a tomar medidas após uma hora e vinte de dúvidas existenciais) e "Vacaciones En El Bar", que lembra tanto uma piña colada em 1984 como os Tahiti 80 a fazerem covers de A.R. Kane. Asuntos Internos não é nem uma chachada independente nem um blockbuster iemnsamente lucrativo; é apenas um filme bom de se ver enrolado na manta. Ainda mais agora que o inverno por cá anda.