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Gil Evans
Centennial
· 12 Nov 2012 · 10:27 ·

Gil Evans
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2012
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Um justo reconhecimento.
Tal como Charles Mingus, que deixou para a posteridade uma obra-prima (Epitaph) cujas partituras foram descobertas e aplicadas (ou seja, tocadas e gravadas) por Gunther Schuller, também Gil Evans, falecido em 1988, guardara na gaveta da secretária as páginas que este ano serviram como mote para a comemoração do centenário do seu nascimento. Quem as encontrou e colocou em prática foi Ryan Truesdell e o álbum em causa, Centennial, colocado em circulação pela Artist Share, é outro extraordinário contributo póstumo para melhor avaliarmos o património que faz do jazz aquilo que hoje é.
Em boa hora aconteceu, pois a real importância de Gil Evans estava injustamente a ser descurada. Na música agora descoberta voltamos a encontrar a sua capacidade única para entender os sons como cores num formato orquestral – a mesma que foi elogiada por outro especialista da matéria, Steve Lacy. Bem como tudo o resto que marcou a relevância do compositor, arranjador e pianista numa série de decisivos avanços históricos, fosse o seu entendimento do swing, que por exemplo doou à Claude Thornhill Orchestra, as ideias de sustentação do que veio a chamar-se “cool jazz”, que partilhou com Miles Davis, e o seu pioneirismo na utilização de instrumentos eléctricos, quando o jazz começou a aceitar os contributos do rock e do funk. Sobre esta última vertente será, aliás, de lembrar o surpreendente (?) The Gil Evans Orchestra Plays the Music of Jimi Hendrix (1975)...
Truesdell preocupou-se em dar contemporaneidade a esta música, mas essa não terá sido uma tarefa difícil: Evans esteve sempre à frente do seu tempo. O arranque do CD não poderia soar mais actual, com as tablas de Dan Weiss a destacarem-se na interpretação de “Punjab”, peça que não coubera no alinhamento do vinil The Individualism of Gil Evans, de 1964. Outros momentos altos são uma “cover” de Kurt Weill, “The Barbara Song”, com o vibrafone de Joe Locke, uma versão nunca colocada em disco de “The Maids of Cadiz” (conhecemos a que fez depois para Miles), com o trompete em surdina de Greg Gisbert, ou “Who’ll Buy My Violets”, com um solo de clarinete de Scott Robinson.
E porque Gil Evans foi também um autor de canções, estão aqui três, “Smoking My Sad Cigarette”, “Beg Your Pardon” e “Look to the Rainbow”, nas vozes, respectivamente, de Kate McGarry (destinava-se a Lucy Reed), Wendy Gilles e Luciana Souza (escrita para Astrud Gilberto). Trata-se, pois, de um retrato completo dos contributos do canadiano para o que é o presente desta família musical e, com certeza, para o que será o futuro, mantendo todas as suas marcas pessoais: um carácter cinemático, regra geral de tonalidades escuras, uma clara preferência pelas dissonâncias e pelas multifonias e uma discursividade iminentemente “bluesy”. Sem dúvida, não só um dos grandes lançamentos de 2012 como dos 12 anos que já leva o século XXI…
Rui Eduardo PaesEm boa hora aconteceu, pois a real importância de Gil Evans estava injustamente a ser descurada. Na música agora descoberta voltamos a encontrar a sua capacidade única para entender os sons como cores num formato orquestral – a mesma que foi elogiada por outro especialista da matéria, Steve Lacy. Bem como tudo o resto que marcou a relevância do compositor, arranjador e pianista numa série de decisivos avanços históricos, fosse o seu entendimento do swing, que por exemplo doou à Claude Thornhill Orchestra, as ideias de sustentação do que veio a chamar-se “cool jazz”, que partilhou com Miles Davis, e o seu pioneirismo na utilização de instrumentos eléctricos, quando o jazz começou a aceitar os contributos do rock e do funk. Sobre esta última vertente será, aliás, de lembrar o surpreendente (?) The Gil Evans Orchestra Plays the Music of Jimi Hendrix (1975)...
Truesdell preocupou-se em dar contemporaneidade a esta música, mas essa não terá sido uma tarefa difícil: Evans esteve sempre à frente do seu tempo. O arranque do CD não poderia soar mais actual, com as tablas de Dan Weiss a destacarem-se na interpretação de “Punjab”, peça que não coubera no alinhamento do vinil The Individualism of Gil Evans, de 1964. Outros momentos altos são uma “cover” de Kurt Weill, “The Barbara Song”, com o vibrafone de Joe Locke, uma versão nunca colocada em disco de “The Maids of Cadiz” (conhecemos a que fez depois para Miles), com o trompete em surdina de Greg Gisbert, ou “Who’ll Buy My Violets”, com um solo de clarinete de Scott Robinson.
E porque Gil Evans foi também um autor de canções, estão aqui três, “Smoking My Sad Cigarette”, “Beg Your Pardon” e “Look to the Rainbow”, nas vozes, respectivamente, de Kate McGarry (destinava-se a Lucy Reed), Wendy Gilles e Luciana Souza (escrita para Astrud Gilberto). Trata-se, pois, de um retrato completo dos contributos do canadiano para o que é o presente desta família musical e, com certeza, para o que será o futuro, mantendo todas as suas marcas pessoais: um carácter cinemático, regra geral de tonalidades escuras, uma clara preferência pelas dissonâncias e pelas multifonias e uma discursividade iminentemente “bluesy”. Sem dúvida, não só um dos grandes lançamentos de 2012 como dos 12 anos que já leva o século XXI…
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