DISCOS
Konx-om-Pax
Regional Surrealism
· 16 Out 2012 · 09:50 ·
Konx-om-Pax
Regional Surrealism
2012
Planet Mu


Sítios oficiais:
- Planet Mu
Konx-om-Pax
Regional Surrealism
2012
Planet Mu


Sítios oficiais:
- Planet Mu
Contos de ficção científica por um alquimista de som e imagem.
Inspirado no título de um livro do filósofo e ocultista britânico Aleister Crowley (objecto de fascínio por Fernando Pessoa), Konx-om-Pax (tradução livre: qualquer coisa como “luz em extensão”) é o projecto unipessoal de Tom Scholefield, artista multimédia, natural de Glasgow, Escócia. “Multimédia” no sentido prático, não meramente retórico, do conceito: designer gráfico, produtor, disc-jockey, realizador de videoclips, ou a constante transmutação entre os suportes de som e imagem.

No currículo de Scholefield constam a feitura de capas (e “booklets”) de discos e a realização de videoclips para vários artistas dos catálogos de editoras como a Hyperdub, a Brainfeeder ou a LuckyMe. Do grafismo de álbuns de Oneohtrix Point Never, Rustie ou King Midas Sound, até aos videoclips de Kuedo, Lone ou Martyn, passando por um dos seus trabalhos mais destacados, a nostalgia do VHS vertida na torrente psicadélica de “Joy Fantastic” por Hudson Mohawke (um videoclip que parece ter sido resgatado da MTV dos anos 80).

Regional Surrealism (Planet Mu, 2012), o segundo LP de Konx-om-Pax, tem passado relativamente despercebido por entre a profusão editorial dos dias que correm, mas trata-se de um disco com vastos motivos de interesse. Muito para além do excelente grafismo da capa (e do “booklet”), naturalmente da autoria de Scholefield, ou das texturas ambientais que pautam algumas faixas com um menor poder de superação sensorial (traçando linhas paralelas aos conterrâneos Boards of Canada), encontramos magníficas explanações de música electrónica tão imaginativa quanto alienígena e conceptual.

A título de exemplo, “Glacier Mountain Descent” é uma imensa pérola sonora que remete para o universo transcendental dos filmes de Werner Herzog musicados pela banda germânica de krautrock Popol Vuh, só é pena ser tão breve. Por sua vez, “Slootering” consiste numa distopia de “loops” e “bleeps” deliciosamente lânguidos que parecem ter sido processados pelos sintetizadores analógicos de Ursula Bogner. Quanto a “Twin Portal Redux”, como não associá-la aos contos de ficção científica “vintage” de Oneohtrix Point Never? Eis uma das melhores surpresas do ano, passe a redundância. Não merece quedar-se no oblívio.
Gustavo Sampaio
gsampaio@hotmail.com

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