Sediados em Setúbal, os Lydia's Sleep, um dos membros da enorme família Coronado, utilizam a linguagem matemática do rock para a sua própria expressão musical: Wires é um EP que junta a agressividade do hardcore a variações de tempo e riffs altamente melódicos, num resultado final bastante satisfatório, i.e., dá para abanar uns corpos. Produzido pelo emigrante mais famoso da "cena" nacional, Chris Common, Wires é uma óptima estreia do quarteto e tem em "Leaving Early" o seu ponto mais alto - ouçam-se aquelas guitarras. Rock com propensão para a rádio, sim, mas do bom. Para se ouvir e sacar aqui.

Os Ermo são apenas dois e chegam-nos de Braga, a idolátrica, o seu esplendor. A sua participação na já mítica compilação À Sombra De Deus não terá sido mero acaso: neste EP de estreia encontramos uma música industrialmente litúrgica, onde o canto se sobrepõe ao minimalismo das teclas. "Destronado", "Montalegre" e "Dies Irae" são para serem tocadas num quarto fechado, com o volume no máximo, até o som nos corroer a pele como o espírito do Divino. Um objecto estranho e diferente e, até por isso, deveras atractivo, onde Portugal - quer o imaginado, o do Quinto Império, quer o real, o das crises - se encontra sempre presente. Escutemo-lo aqui.

«Surgidos das cinzas dos Madcab», os So.ma apresentam em Fuga, EP de estreia, um rock enérgico que bastante deve ao punk, mas onde a melodia não é descurada. Assumidamente inspirados pelo belíssimo livro de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, os So.ma não nos dão, contudo, razão para os temermos tanto quanto tememos a falsa utopia aí descrita (isto para quem o leu - quem não o fez que o vá fazer, imediatamente); a voz de Azevedo Silva continua melancólica, mas, por detrás, existe agora uma esperança enraivecida que não encontramos no seu trabalho a solo. Fuga tem em "Ombros Frágeis", convidativa ao sing-along, a sua expressão mais alta, não descurando os outros temas presentes. Não fujamos, ouçamos: no Bandcamp, pois claro.