Tiempo para la cosecha abre com uma guitarra portuguesa – nas mãos de Victor Herrero - mas o que se segue a esta é em tudo diferente ao que estamos acostumados a ouvir no fado ou em qualquer outra reencarnação do instrumento. E o que se segue é, nem mais nem menos, do que uma <i>trip</i> recheada de psicadelismo e percussão com sede bem definido em território africano. A história é simples: Victor Herrero lançou o convite e seis músicos responderam, deixando para trás tipo de composição prévia e abraçando a improvisação durante cinco dias.

 

“Cancion para la cosecha”, a abrir, dá o mote para o resto do disco: a mistura inebriante de guitarras e percussão são uma espécie de bálsamo acústico de beleza irresistível. Depois Tiempo para la cosecha prossegue a duas velocidades distintas: de um lado os temas guiados pela percussão, do outro os temas em que a percussão é “apenas” um elemento natural de “escolta”. O psicadelismo e a improvisação são uma linha continua em Tiempo para la cosecha.

 

Independentemente do lado para o qual cai a decisão do condutor deste imprevisível veículo, Tiempo para la cosecha é um disco essencial em 2012. E é-o da mesma forma que seria se tivesse sido editado no passado mais ou menos distante - porque é um disco intemporal. É música viva, orgânica, substancial, sem corantes nem conservantes, urgente, bela. Passar-lhe ao lado seria um crime.