Dreamwave, chillwave, qualquer coisa-wave, soa a verão, não soa? É a wave, a onda, a vontade de levar com uma em cima que nos arrepie, refresque e que se repita logo a seguir. Verão é isso e outras coisas clichés e lamechas que nos afectam os ouvidos, que se tornam mais tolerantes, entrando numa espécie de férias no que toca a critério, tornando menos agressiva a apreciação de uma música que nos soe a verão (reflictam sobre isso, verão, passe a redundância, que sim, que tenho razão).

E os que se derem ao trabalho ouvirão que Caged Animals soa a verão. Tudo na vida é uma questão de "timing" e este disco chegou-nos com a precisão sazonal que importa. Vincent Cacchione, e seus amigos, e suas canções, manufacturadas algures na capital "hipster" do mundo, Nova Iorque, mais concretamente Brooklyn, chegam-nos aos ouvidos com a temperatura certa, celebrando "All The Beautiful Things in The World" sobre o ritmo do "Looser" de Beck, como que reinterpretado por Washed Out e Toro y Moi juntos. Há "Teflon Heart", há "Instant <3breaker", há o orelhudo-The Drums-style "This Summer I'll Make It Up To You", há coisas boas sim senhoras em bikini e senhores em calções, os milhões em festa por aí.

Verdade verdadinha, repito que "timing" é tudo e uma vez perdido, decididamente este disco não vai sobreviver ao outono. Os seus sintetizadores e guitarras doces e coros ainda mais doces e a voz igual a tantas outras de Vincent estão presas ao calor dos tempos como os animais do seu nome próprio. Condicionados a uma piscina de belas melodias e letras não tão boas, mas que vale a pena mergulhar, agora, enquanto os ouvidos estão bronzeados por dentro. Até porque é 155,55 biliões de vezes melhor do que o single da Fanny. (pausa para um verde geladinho)(pausa para passa)(agora sim) Caged Animals-wave, isto sim é vida loca.