
Mint
2003
F Communications
Sítios oficiais:
- F Communications

Mint
2003
F Communications
Sítios oficiais:
- F Communications
E,
ao segundo disco, a mudança. Alexkid, para fugir à regra, não se trancou a sete
chaves num quarto com ligação à Internet nem se enclausurou para qualquer tipo
de meditação musical o que, regra geral, parece ficar sempre bem quando se acaba
de editar um disco. Deu a volta ao mundo, para animar grandes plateias em sets
de Dj's, e fez dos períodos de pasmaceira (viagens de avião, comboios, estadias
no hotéis, etc) os momentos para compor e estruturar canções. Descobriu as potencialidades
do computador portátil, ao mesmo tempo que o laptop lhe abriu um conjunto de
possibilidades quase inesgotáveis. "Mint" é um desses acontecimentos que, como
tantos outros, pertence por mérito próprio à era do fluxo global de informação.
O resultado é mediano.
Disse-se, mais atrás, que este era um disco de mudança. Pois bem, Alexkid libertou-se
dos excessos e admitiu que fazer house formatada era um risco. Embora
isso possa soar um tanto ou quanto redundante - sendo que é uma conjectura que
se levanta mais para o techno - a verdade é que houve, qualitativamente, um
salto substancial. As vozes soul e os instrumentos mais ligados ao jazz,
como o trompete, dão um toque mais humano e o afastamento de paisagens sonoras
mais dadas à música pastilhada fora de época são contributos igualmente
importantes para o rejuvenescimento de um tipo de música que, para o bem e para
o mal, está associada às grandes massas.
"Mint" envereda, na sua essência, por caminhos nitidamente electrónicos onde
a house é a estrutura preferencialmente adoptada mas nem sempre aquela
que se destaca mais. O hip-hop é igualmente um condutor importante para a consolidação
de arranjos vocais e rítmicos, tal como o electro, género que parece
ter adquirido muitos adeptos desde que projectos como Fischerspooner, Miss Kittin
e Ladytron atingiram o overground nas pistas de dança ditas mais inteligentes.
Os temas mais apurados são, contudo, aqueles onde a voz serve de suporte à canção,
tanto que as músicas instrumentais, sendo aquelas que supostamente apelam mais
aos sentidos físicos - podendo agradar a pistas de dança mais ou menos exigentes
- não primem por nos deixar particularmente desinquietos. Das três vozes que
preenchem metade dos dez temas que compõem "Mint", Hanifah Walidah é repetente
de "Bienvenida", o registo de 2001. "Pick It Up", a música que vocaliza, é viciante.
O escocês James Hitelaw participa nos menos interessantes, mas nem por isso
decrépitos, "Turn It Round Agains" e "Love We Hate", enquanto que a cubana Lisette
Alea canta em "Don't Ide It" e no tema que teve direito a remisturas num maxi-single
paralelo (ver texto em baixo), "Come With Me".
![]() |
Alexkid
Come With Me Revisited By Llorca & Brett Johnson
Em
simultâneo com a edição de "Mint" - embora em edições perfeitamente independentes
- foi lançado um vinil com remisturas de Llorca e Brett Johnson para o tema
"Come With Me". Em comum, as três versões (Brett Johnson remisturou duas vezes),
partilham as vozes originais, com Lisette Alea ao melhor nível.
"Cuminda Club & Dubindaclub", de Llorca, é um remix particularmente longo
(quase doze minutos), onde nos é apresentado uma remistura suficientemente
heterogénea para justificar o tempo que demora e comprovar o seu propósito:
as pistas de dança.
"MTV Europe Mix" é o primeiro tema de Brett Johnson, que difere substancialmente
em relação ao original. Mantém a mesma estrutura base do principio ao fim,
sendo um tanto ou quanto imediato, tal como se depreende a partir da estação
para o qual foi idealizado. "Blotter Special Mix", a última faixa, é mais
provocadora do que a anterior contendo elementos mais auspiciosos. Se é verdade
que mantém a mesma base rítmica de fundo ao longo de todo o tema, as subvariações
que se registam são suficientemente estimulantes para serem aplaudidas.
tgoncalves@bodyspace.net

