DISCOS
Alexkid
Mint
· 25 Out 2003 · 08:00 ·
Alexkid
Mint
2003
F Communications


Sítios oficiais:
- F Communications
Alexkid
Mint
2003
F Communications


Sítios oficiais:
- F Communications

E, ao segundo disco, a mudança. Alexkid, para fugir à regra, não se trancou a sete chaves num quarto com ligação à Internet nem se enclausurou para qualquer tipo de meditação musical o que, regra geral, parece ficar sempre bem quando se acaba de editar um disco. Deu a volta ao mundo, para animar grandes plateias em sets de Dj's, e fez dos períodos de pasmaceira (viagens de avião, comboios, estadias no hotéis, etc) os momentos para compor e estruturar canções. Descobriu as potencialidades do computador portátil, ao mesmo tempo que o laptop lhe abriu um conjunto de possibilidades quase inesgotáveis. "Mint" é um desses acontecimentos que, como tantos outros, pertence por mérito próprio à era do fluxo global de informação. O resultado é mediano.

Disse-se, mais atrás, que este era um disco de mudança. Pois bem, Alexkid libertou-se dos excessos e admitiu que fazer house formatada era um risco. Embora isso possa soar um tanto ou quanto redundante - sendo que é uma conjectura que se levanta mais para o techno - a verdade é que houve, qualitativamente, um salto substancial. As vozes soul e os instrumentos mais ligados ao jazz, como o trompete, dão um toque mais humano e o afastamento de paisagens sonoras mais dadas à música pastilhada fora de época são contributos igualmente importantes para o rejuvenescimento de um tipo de música que, para o bem e para o mal, está associada às grandes massas.
"Mint" envereda, na sua essência, por caminhos nitidamente electrónicos onde a house é a estrutura preferencialmente adoptada mas nem sempre aquela que se destaca mais. O hip-hop é igualmente um condutor importante para a consolidação de arranjos vocais e rítmicos, tal como o electro, género que parece ter adquirido muitos adeptos desde que projectos como Fischerspooner, Miss Kittin e Ladytron atingiram o overground nas pistas de dança ditas mais inteligentes.

Os temas mais apurados são, contudo, aqueles onde a voz serve de suporte à canção, tanto que as músicas instrumentais, sendo aquelas que supostamente apelam mais aos sentidos físicos - podendo agradar a pistas de dança mais ou menos exigentes - não primem por nos deixar particularmente desinquietos. Das três vozes que preenchem metade dos dez temas que compõem "Mint", Hanifah Walidah é repetente de "Bienvenida", o registo de 2001. "Pick It Up", a música que vocaliza, é viciante. O escocês James Hitelaw participa nos menos interessantes, mas nem por isso decrépitos, "Turn It Round Agains" e "Love We Hate", enquanto que a cubana Lisette Alea canta em "Don't Ide It" e no tema que teve direito a remisturas num maxi-single paralelo (ver texto em baixo), "Come With Me".

Alexkid
Come With Me Revisited By Llorca & Brett Johnson
Em simultâneo com a edição de "Mint" - embora em edições perfeitamente independentes - foi lançado um vinil com remisturas de Llorca e Brett Johnson para o tema "Come With Me". Em comum, as três versões (Brett Johnson remisturou duas vezes), partilham as vozes originais, com Lisette Alea ao melhor nível.
"Cuminda Club & Dubindaclub", de Llorca, é um remix particularmente longo (quase doze minutos), onde nos é apresentado uma remistura suficientemente heterogénea para justificar o tempo que demora e comprovar o seu propósito: as pistas de dança.
"MTV Europe Mix" é o primeiro tema de Brett Johnson, que difere substancialmente em relação ao original. Mantém a mesma estrutura base do principio ao fim, sendo um tanto ou quanto imediato, tal como se depreende a partir da estação para o qual foi idealizado. "Blotter Special Mix", a última faixa, é mais provocadora do que a anterior contendo elementos mais auspiciosos. Se é verdade que mantém a mesma base rítmica de fundo ao longo de todo o tema, as subvariações que se registam são suficientemente estimulantes para serem aplaudidas.

Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net

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