Disco de estreia do duo de Brooklyn, Mixed Emotions vive à altura do seu nome. Sendo verdade que a estética synthpop dançável à anos oitenta está mais do que gasta, é inegável que os Tanlines conseguem, pelo menos, construir canções com grau suficiente de qualidade e apreciabilidade, que fazem com que Mixed Emotions não seja um álbum tão custoso de ouvir como outros no mesmo campo. Estamos então perante não um disco banal e tépido, mas agradavelmente natural: pop sem rodeios, sem gimmicks que chamem a atenção para o que muitas vezes não existe.

Espere-se, então, sintetizadores e beats apontando não ao cérebro mas à pista de dança ("All Of Me", "Real Life"), momentos new wave bastante divertidos ("Green Grass", porventura a melhor faixa, talvez por trazer à cena as nossas amadas guitarras) e, até, uma saudação ao trilho desbravado por Ariel Pink, como por exemplo na faixa que o encerra, "Nonesuch". Estranhamente, é quando os Tanlines abandonam esta linha de trabalho que menos puxam pelo ouvinte: "Not The Same" esforça-se tanto por ser house que acaba por ser perigosamente xaroposa.

Apesar disso, Mixed Emotions é consistente na sua afirmação pop e revela-se um companheiro saudável para os meses de calor que se aproximam: canções repletas de sol e de sonhos com o mar. Tudo compactado em 40 minutos, não de deslumbramento, mas de escuta simples; um disco que poderemos ouvir e ignorar sem medos, ruído de fundo para quando odiamos o silêncio, ou um simples rebuçado para ir saboreando. Cada qual saberá dar-lhe o melhor uso.