Passaram-se dezoito anos desde que Bobby Womack lançou um disco com canções de originais – chamava-se Resurrection curiosamente - e por isso o título desde disco assenta que nem uma luva ao momento. É preciso de facto ter uma data de coragem para voltar tanto tempo depois a um mundo que se alterou radicalmente e achar que ainda se tem alguma coisa a acrescentar.

Mas Bobby Womack não voltou sozinho. Com a ajuda na produção – meticulosa e arrojada neste contexto, é melhor dizer já - de Damon Albarn e Richard Russell (o dono da XL, a casa deste disco), e com a colaboração de Lana Del Rey num dos temas, Bobby Womack ergueu um disco de belas canções em territórios em tudo distantes dos que abraçou na sua história. Até para isso foi preciso encontrar coragem. E foi assim que chegou a um dos melhores discos que 2012 já teve o prazer de conhecer.

The Bravest Man In The Universe não é um disco que conte com o calor dos arranjos soul, das cordas, de um som clássico; é um disco de produtor, de batidas actuais, de paisagens frias – bastante longe de tudo o que conhecemos de Bobby Womack. Este não é um regresso ao ponto em que deixou o seu trabalho. É um passo em frente. E, contra algumas probabilidades, tirando um ou outro momento, é um passo mais do que acertado. Contra todas as probabilidades, os dois mundos tornam-se um apenas. Oxalá venham daí mais episódios deste regresso inesperado.