Noctiluca, álbum de estreia do trio norte-americano, é: um conjunto de canções que se pautam por melodias açucaradas e claramente inspiradas pelo pós-punk e revivalismos posteriores. Ou seja, uma espécie de progressão natural na sua sonoridade, visto que, antes dos Dunes, cada qual dos membros se havia estreado nas lides musicais tocando em bandas de punk costumeiro. Stephanie Chan evoca, na sua voz, discos (ainda) tão importantes como Kaleidoscope e A Kiss In The Dreamhouse. E "Red Gold" é um bonito tema.

Noctiluca, o primeiro LP da banda de Los Angeles, não é: original. Tudo isto se ouviu já em algum ponto de tempo, quer se tenha vivido os anos 80 quer os tenhamos sacado da Internet, posteriormente. Nada aqui é mostra de grande inspiração; do início ao fim tudo nos soa a um revivalismo patego que, muito honestamente, tarda em findar. É certo que não é mau per se. Mas é apenas mais uma loja de chineses na esquina dessa rua que é o indie. O que, vendo bem, é mau per se. Presume-se que este produto dure quinze dias e sejamos obrigados a comprar outro de maior qualidade. Assim funciona a máquina capitalista que é o hype.

Noctiluca, o filho primogénito da ambição de três pessoas que ouviram pop gótica demasiadas vezes, não vai ser: lembrado ou ouvido para além do espectro Pitchfork. Não vai estar em listas de melhores do ano - não que essas interessem para alguma coisa, mas nem sequer é um candidato a candidato, e desafiamos aqui qualquer jornalista hipster a tentar convencer-nos do contrário. Não vai fazer com que os Dunes sejam uma banda a ter em conta. E não vai inspirar ninguém. Até porque o próprio nome do disco afugenta qualquer um. Cristo.