Após a sua reunião ter sido abortada em 2005 (estava previsto que tocassem no Coachella desse mesmo ano), os Cocteau Twins regressam agora ao activo, sem que nada o fizesse prever, sob a forma de um disco novo. E que não fica atrás daquilo que produziram no passado. Drowner mostra os escoceses com uma sonoridade ligeiramente mais pesada, notando-se um toque do shoegaze que ajudaram a inventar, mas mantém as melodias etéreas e a atmosfera sonhadora que tanto se adorava em discos como Heaven Or Las Vegas, para dar um exemplo.

Elizabeth Fraser, essa, continua adorável como sempre. Em "Written", a alegria da sua voz entra-nos no ouvido como o primeiro pedaço de algodão-doce que provamos na infância. Do lado inverso, a guitarra de Robin Guthrie abandona quaisquer noções jangle e atira-se de cabeça ao reverb, ao ruído segundo Kevin Shields, embora mantenha um registo oldschool no refrão. Uma canção que poderia ter saído do disco supracitado, mas ei-lo aqui em toda a sua categoria, afirmando-se como o ponto mais alto de Drowner. De resto, a imperceptibilidade das letras continua a não ser motivo para não nos embrenharmos a fundo nesta música.

Para além dos oito temas que compõem o núcleo do disco, por assim dizer, há ainda espaço para duas remixes, nas mãos de Apples To Earth e Nikki Gunz, uma nova forma de encarar os Cocteau Twins no século XXI. Muito se poderia escrever sobre o quão felizes ficarão os melómanos desse mundo fora com este regresso, mas, quando uma surpresa destas nos cai assim no colo, há que a aproveitar sem pensar em mais. Saudemos assim o regresso d... hã? Como? Os Cocteau Twins não se reuniram? Drowner? Quem raio são os Drowner?