DISCOS
Graffiti6
Colours
· 09 Mar 2012 · 21:55 ·
Graffiti6
Colours
2012
Capitol Records


Sítios oficiais:
- Graffiti6
- Capitol Records
Graffiti6
Colours
2012
Capitol Records


Sítios oficiais:
- Graffiti6
- Capitol Records
Made for T.V..
As cores que os Graffiti6 aqui utilizam são imensas, do rock, à pop, soul, hip-hop, trip-hop, electrónica dançável, folk... normalmente, quando alguém usa e abusa das tintas que tem à disposição, o resultado é um de dois possíveis: ou as diferentes cores se conjugam na perfeição, gerando um quadro vivo e rico ao nosso olhar, como algo saído do Fauvismo, ou estamos a falar de uma criança que nelas pega com as mãos e borra a tela inteira com impressões digitais e bolas de sabe-se lá o quê. Os Graffiti6 conseguem a proeza de criar um meio-termo; Colours não é brincadeira infantil, mas também não é uma obra de arte de valor incanculável - acaba por ser um rotundo bocejo.

As ideias estão lá todas. Canções orelhudas, fáceis, bem trabalhadas, açucaradas. O problema é que o são demasiado. Estamos a falar de um disco que é mais do que radio-friendly: Colours pega no transístor e esfodaça-o à bruta. Da primeira à décima-terceira, cada faixa deste disco é uma tablete de chocolate, e, como se sabe, tantas tabletes comidas assim de seguida só podem resultar em enjôo ou diarreia. Todos nós conheceremos discos pop em que existem quatro/cinco canções destinadas a angariar o máximo possível de fãs, pessoas que nunca na vida ouviriam o disco por inteiro, mas apenas as canções que conhecem; e, em muitos desses discos, estão as canções-sombra, aquelas que permanecem escondidas dos ouvidos da maioria da população e que guardam segredos musicais às quais os mais atentos se agarram, a partir das quais credibilizam o artista. Em Colours não existe essa descoberta. Se o avaliarmos segundo um padrão estético e técnico minimamente imparcial, o disco é "bom"; se o avaliarmos segundo o que se conhece já de outros pintores, pop ou não, infinitamente mais interessantes, é uma exposição em estação de metro. Só esfregando-o nos rostos das pessoas é que alguém lhe ligará alguma.

E é esse esfregar que parece mover os Graffiti6. Das treze canções de Colours, apenas duas não foram utilizadas em séries de televisão ou anúncios. Ou seja, Colours não parece querer ser mais do que uma tentativa de enriquecer à custa dos royalties daí advindos - e, se assim é, poderemos pelo menos respeitá-lo. Não há mal algum em querer viver à custa da música, ou do marketing, se se souber fazê-los. Já como disco pop de pleno direito, ser-nos-à difícil. Poderemos, claro, tentar ouvi-lo um pouco mais ao longo do ano, mas a diabetes existe e é perigosa. É melhor não arriscar.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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