Não se enganem ao ouvir os primeiros segundos de "Daniel": esta voz não é de uma prima afastada de Joanna Newsom nem são os Saint Etienne os senhores por detrás do instrumental. Os Twin Sister - que são cinco, não são irmãos, e vêm de Long Island e não de Croydon - podem ter ido buscar influências óbvias aqui e ali, mas fazem canções para além das mesmas. In Heaven é um álbum com uma pop quase tão natural quanto os olhos azuis de Madeleine Dupont (que é, para quem não sabe, a melhor atleta de curling da actualidade).

A alegria e infantilidade (sem ser xaroposa) do disco de estreia destes norte-americanos começa no desenho da capa e encontra-se ao longo das primeiras faixas. "Stop", "Bad Street" e "Space Babe" são todas números bastante interessantes, todas diferentes, como uma criança que inventa e reinventa de várias fontes, mas todas inteiramente pop: da distante guitarra jangly da primeira, à vibe hip-hop da segunda, às teclas da terceira. "Kimmi In A Rice Field" quebrará um pouco o interesse, perdendo-se numa espécie de teoria chillwave, mas "Luna's Theme" e a voz doce de Andrea Estella resgatam o restante.

Restante esse que em "Spain" tem possivelmente o seu melhor trabalho (as guitarras, a voz, os teclados, e uma canção para figurar num filme de James Bond), à qual se segue a meninice de "Gene Ciampi", uma tentativa de jogo adulto em "Saturday Sunday" e um final pomposo com os sintetizadores de "Eastern Green". Um disco que não é para ser pensado tanto quanto é para ser provado, como um favo de mel. Bonitos sonhos pop.