DISCOS
Cosmin TRG
Simulat
· 30 Set 2011 · 10:15 ·
Cosmin TRG
Simulat
2011
50 Weapons


Sítios oficiais:
- Cosmin TRG
- 50 Weapons
Cosmin TRG
Simulat
2011
50 Weapons


Sítios oficiais:
- Cosmin TRG
- 50 Weapons
Não possui o escopo que se esperava, apesar de não se ter esperado muito mais que funcionalidade.
Não era o passo imediato que se esperaria, mas os últimos trabalhos em EP já anteviam que o romeno Cosmin Nicolae estava numa nova onda no espectro da música electrónica. Não se poderá acusá-lo de transformismo à última hora, portanto. Mas já será pertinente questionar se esta predilecção pelo techno mais formal foi a melhor opção para o seu registo debutante. Aí a resposta já é dúbia porque apesar de não ser um mau disco, a música alinhada em Simulat é incapaz do derradeiro arrepio de prazer.

Às voltas com a música desde 2007, primeiro como TRG e depois como Cosmin TRG, Nicolae tem sido mais eficaz que felicíssimo nas erráticas opções estéticas. As diversas personalidades das editoras por onde editou (Hessle Audio, Subway, Tempa, Hotflush) foram determinantes no percurso como produtor, tendo sabido se ajustar sem necessariamente enlaçar-se pelas idiossincrasias de cada uma dessas editoras extremamente conotadas com a bass-music. Nada de novo nessa recorrente opção de desprendimento que a grande maioria dos novos produtores encontra para salvaguardar o espaço necessário para a livre experimentação. Cosmin TRG é apenas mais um que assim optou até ao firme estabelecimento de uma atitude que o conduzisse a um canto seguro para desenvolver a sua estreia em longa duração.

O canto seguro encontrado chama-se Berlim, concretamente a casa dos Modeselektor, a 50 Wepons. É nesse lugarejo que o autor encontrou a essência para materializar Simulat. Cosmin não resistiu aos encantos do tecno da cidade que actualmente acolhe as grandes plataformas do género como a Ostgut Ton (editora da mítica Berghain), a Tresor ou a BPitch Control. E não o podemos condenar por isso, é uma opção válida, apesar da sua música insistir – em boa verdade – em não possuir um toque pessoal capaz do genuíno orgasmo que o distinga inquestionavelmente dos restantes.

Assim, Simulat é inevitavelmente mais um fruto do som nascido em Detroit em finais de 80 devidamente assimilado, remoído e regurgitado pelo pragmatismo minimal de Berlim: um som semi-industrial visceral, frio, despido de artifícios fúteis, de ambientes que alternam entre a austeridade gerada pela forte gravidade ou a flutuação do pensamento numa dimensão paralela. Simulat é, muito à semelhança do último trabalho de Shed, um disco que não revela grande inventividade, mas que surge com ideias válidas, sucintas e arrumadas. Lacónico o suficiente para que tudo funcione. Ou seja: ouve-se bem, mas esquece-se depressa.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
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