DISCOS
Submotion Orchestra
Finest Hour
· 23 Set 2011 · 12:16 ·
Submotion Orchestra
Finest Hour
2011
Exceptional Records


Sítios oficiais:
- Submotion Orchestra
- Exceptional Records
Submotion Orchestra
Finest Hour
2011
Exceptional Records


Sítios oficiais:
- Submotion Orchestra
- Exceptional Records
O jazz como forma de ablução litúrgica do dubstep.
No vasto universo da produção musical tudo é uma questão de tempo. Haverá sempre quem indague profundamente em busca de pontos de equilíbrio que abra novas portas. O pretensiosismo tem limitado os ímpios, especialmente os obstinados que ignoram o fluxo de comunicação com o consciente que reporta amiúde que determinadas soluções passam pela subtileza e não pela força. Na bass-music há algum tempo que se procura a fórmula perfeita que permita a harmónica fusão entre o jazz e o dubstep. O tal ponto de equilíbrio que crie novas possibilidades.

Os Jazzsteppa têm encabeçado essa frente sem nunca terem atingido níveis satisfatórios, enviando, no entanto, regularmente para o exterior sinais claros informando outros interessados que existe espaço de manobra viável na área sem se correr o risco do ridículo. Interceptados os sinais, um septeto de Leeds acredita ter encontrado um ponto de equilíbrio onde o dubstep se jazzifica ou vice-versa, conforme o ponto de vista. É isso com que nos deparamos neste disco debutante do colectivo britânico Submotion Orchestra: um som que Gilles Peterson caracterizou como "somewhere between Cinematic Orchestra and dubstep - just right!". Poderá soar ridículo na primeira instância a ideia deste cruzamento entre o som do colectivo de Jason Swinscoe e Skream, mas a coisa não andará assim tão longe.

Finest Hour não surgiu do nada; enquanto uns quantos temas foram postos por aí a circular para aquecer as almas, o colectivo foi-se concentrando na dinâmica, refinando-a ao máximo em actuações ao vivo. E o dinamismo é mesmo o elemento de mais-valia, é ele que torna este disco vivo, pleno na interacção entre músicos, subtil no entrelaçado, deliciosamente humano, atestado de leve melancolia. Há uma invulgar maturidade no estilo e na forma. Um maturidade apelativa para quem normalmente anda arredado das linhagens mais experimentais. Finest Hour pode mesmo ser pós-dubstep para os quarentões que já não têm paciência para coisas de putos, para quem prefere a composição cuidada, envergadura dramática concisa, liberdade ponderada ou pura espiritualidade.

Além de um jazz depurado, nostálgico q.b., circula aqui, por entre baixos robustos, um fino perfume soul/ pop de 90 – que a charmosa Ruby Wood tão bem faz desfilar nas suas luminosas vocalizações –, dub-jazz (ao melhor estilo Fat Freddys Drop), verve cinematográfica, melodia balsâmica ou broken beat (4 Hero à cabeça). Finest Hour é uma sobreposição ou uma combinação de tudo o que já antes ouvimos apenas disposto numa nova forma que não destoa, não incomoda e que, confesse-se, também não surpreende quem procura formais assinaturas autorais ou reaccionárias formas para se lançar à dança desenfreada. Tudo aqui servirá, antes de mais, para meditar enquanto se deambula por aí à espera da alvorada. Um disco sofisticado e refinado que leva mesmo à conclusão que o dubstep nunca soou tão floreado.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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