DISCOS
Static
Flavour Has No Name
· 10 Ago 2003 · 08:00 ·
Static
Flavour Has No Name
2003
City Centre Offices


Sítios oficiais:
- City Centre Offices
Static
Flavour Has No Name
2003
City Centre Offices


Sítios oficiais:
- City Centre Offices
Há cerca de um ano um senhor de origem alemã que responde pelo nome Hanno Leichtman apresentava-se ao mundo sob a assinatura artística Static. O cartão de visita, em formato de álbum, chamava-se Eject Your Mind. Desde então, Leichtman não descansou e editou já neste ano o seu segundo tomo, Flavour Has No Name.
Estamos, neste novo capítulo da história do projecto Static, na presença de um trabalho que procura uma espécie de equilíbrio, patente, desde logo, na alternância frequente entre o tema vocalizado e o tema instrumental que percorre o alinhamento do álbum e, ainda, na escolha de vozes a auxiliar as aventuras experimentais de Leichtman. Não foi por acaso que o senhor chamou até si os valores seguros que colaboraram no seu primeiro álbum como Justine Electra e Ronald Lippok (vocalista dos Tarwater e do projecto To Rococo Rot) e convocou para novas experiências Valerie Trebeljahr (vocalista dos Lali Puna), Christof Kurzmann ou Stephen Scheider para complementarem, de uma forma digna, os seus instrumentais.
O resultado acaba por não atender por completo à ideia de equilíbrio aparentemente procurado mas caminha a passos largos para essa tão ávida condição. À excepção do tema sensaborão «Get Me Something Cold», Flavour Has No Name compreende uma meia parte viciante e refrescante q.b. e uma outra que, apesar de não brilhar, jamais causará estragos. Deste modo, o que nos chega aos ouvidos são sons reconfortantes e aprazíveis que tão bem servem um final de tarde de sol como uma madrugada adentro de qualquer estação. É assim em «Inside Your Heaven», tema de abertura e melhor do conjunto, interpretado de forma descontraída e sexy por Justine Electra, e é também assim no tema que encerra o álbum, «Dependent, depending».
Traduzindo a fórmula para quem ainda não teve o privilégio de escutar tamanha preciosidade, o projecto Static movimenta-se em águas próximas da infantilidade e da inocência musicada por uns Múm ou da candura de uns Notwist. É conveniente, no entanto, referir que esta conotação é redutora da imensidade do som praticado pelo projecto.
Apesar de nos remeterem para um universo de electrónica delicada, doce e sonhadora (conferir em «Turn On Switch Off» tão bem encantado por Valerie Trebeljahr), os sons de Flavour Has No Name são tudo menos estáticos. São amenos, por vezes ambientais, outras vezes cirúrgicos, mas jamais fixos. Existe movimento q.b. nos contagiantes instrumentais «Three Nicotine Cigarettes» e «Flavour Has No Name» que, seguramente, fazem parte da parcela mais interessante do álbum, tal como o mais paisagístico «Waking Up», onde um piano repetitivo se vai cruzando com máquinas delicadas.
No final ficamos com a sensação de uma viagem bem programada, marcada por momentos e territórios de uma leveza impressionante numa electrónica bem arquitectada que remete o ouvinte para ambientes singulares, onde só um apontamento acerta ao lado do alvo e muitos sobre ou muito próximo dele.
Tiago Carvalho
tcarvalho@esec.pt

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