DISCOS
Machinedrum
Room(s)
· 14 Set 2011 · 09:38 ·
Machinedrum
Room(s)
2011
Planet Mu


Sítios oficiais:
- Machinedrum
- Planet Mu
Machinedrum
Room(s)
2011
Planet Mu


Sítios oficiais:
- Machinedrum
- Planet Mu
Num espaço nada exíguo, Travis Stewart indulgencia-se à grande.
Já por aí anda há uns anos e ainda não desistiu de procurar o el dourado. Mesmo com ocasionais contratempos num trajecto iniciado há mais de uma década, Travis Stewart tem se valido de uma versatilidade camaleónica que lhe tem garantido uma progressão incólume pelas mais díspares personalidades da nova música electrónica. Chegada a hora de abordar a chamada bass-music, ei-lo capaz da devida adaptação sem nunca abdicar da sua assinatura pessoal.

Ouvindo Room(s) pela primeira vez percebe-se porque é disco de inconciliáveis consensos. Há uma certa densidade nevrálgica capaz de espasmos musculares. Nunca se chegam a ter dores semelhantes às que contorceram Rafael Nadal, mas sentem-se contracções que demoram o seu tempo a nos convencer da sua naturalidade. Ao nono álbum de originais, Machinedrum indulgencia-se – e muito! –, permitindo que emirjam memórias saudosas dos tempos rave em que o techno de Detroit, o drum n’ bass e o breakbeat governavam a alma dos noctivagos; isto, enquanto se sentem reminiscências UK garage, dubstep e footwork assombrados pelos espectros da electrónica ambiental de 90, a pop domingueira e ondulantes vocalizações r&b. Tudo num grande escopo, portanto.

Pode-se dizer que Room(s) é feito daquelas excentricidades barrocas modernas capazes de espantar os leigos em fase de descoberta e os melómanos irredutíveis, limitando-se a conquistar o espaço intermédio ocupado pelos que apenas querem apreciar a música sem constrangimentos das nomenclaturas. Os leigos fogem porque não entendem as idiossincrasias das diversas personalidades sonoras que aqui engolfam-se despudoradamente. Os melómanos afastam-se, quiçá, porque os excessos saturam o espaço com uma densidade sufocante, difusa e confusa que não permitem a clara contemplação do futuro. Todos os argumentos são válidos, muito válidos e crê-se que Stewart tenha consciência deste joguete que impossibilita uma concisão formal, sendo-lhe indiferente as dualidades detectadas no resultado final.

Room(s) é um disco forte, que se impõe com a sua beleza interior, arquitectado para a intuição individual de quem não quer abraços fáceis, feito de espontâneas contradições. São elas que, em última instância, tornam Room(s) num disco com uma personalidade fascinante. Aventureiro, quanto baste, para não ser ignorado.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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