DISCOS
Headphone
Work in Progress 1998 200-
· 04 Ago 2003 · 08:00 ·
Headphone
Work in Progress 1998 200-
2003
Ici d’ailleurs


Sítios oficiais:
- Ici d’ailleurs
Headphone
Work in Progress 1998 200-
2003
Ici d’ailleurs


Sítios oficiais:
- Ici d’ailleurs
Quando se faz um disco deve-se ter uma ideia bem concreta do que se pretende, do rumo que se pretende que o disco percorra, ou então assumir a obra como uma experiência, como um exercício de improvisação. É logo neste princípio básico que o álbum começa a tropeçar. É patente desde o início uma indefinição entre as canções e a improvisação, acabando por resultar numa mistura pouco homogénea e coerente.

A base do disco assenta em insinuações de canções, cuja estrutura se encontra encoberta e interrompida por instrumentos variados, tais como o vibrafone, órgão, baixo eléctrico e trombone. O problema reside no facto de existir um hiato, onde realmente deveria começar a criatividade. Ocorrem-me duas ideias: a primeira é que existe uma falta de ideias, de capacidade de lidar com a improvisação sem conduzir a música a um beco sem saída - sinto algum receio em encarar as canções de forma frontal e directa; outra é que este álbum terá sido um laboratório (como indica o seu nome), mas mesmo aí o panorama continua a não o favorecer. É demasiadamente pretensioso fazer um álbum de experiências, especialmente para quem ainda não tem uma carreira sólida e estabelecida, ao que se alia o facto de não ser uma boa fonte de ideias, nem apresentar soluções que permitam um novo album. Ao longo de cinco faixas os Headphone exploram caminhos díspares desde o jazz de câmara, a pop dos Talk Talk ou registos mais ambientais, sendo que a única nota positiva é o facto de tecnicamente os músicos não compremeterem.

“Pulf” inicia-se com um ruído estranho, provavelmente para justificar a frase no interior do cd “due to the work in progress nature of this Project, some (un)desirable noises can be heard”, seguindo-se um faixa que repete insistentemente os mesmos sons. “Sublime Parade” é talvez a faixa mais conseguida, funcionando como a simbiose de sons arrastados e distorcidos sobre um acorde de piano. As três faixas restantes esgotam a fórmula já gasta anteriormente, hesitando entre as canções e as distorções, sem nunca surpreender.
Miguel Marques

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