DISCOS
Jamie Woon
Mirrorwriting
· 21 Abr 2011 · 21:29 ·
Jamie Woon
Mirrorwriting
2011
Candent Songs / Universal


Sítios oficiais:
- Jamie Woon
Jamie Woon
Mirrorwriting
2011
Candent Songs / Universal


Sítios oficiais:
- Jamie Woon
Nem sempre uma grande expectativa é correspondida com uma grande obra
Assuma-se já para evitar ambiguidades amanhã: este disco de estreia de Jamie Woon é uma desilusão. Não se chega ao extremo de o considerar um mau trabalho, apenas um disco mediano, insosso, que muito prometeu um conjunto de boas canções no ambivalente universo da soul/ r&b e da pop com uma suposta envergadura imposta pela electrónica actual onde a bass-music fosse o principal catalisador. Mirrorwriting é meão e isso confirma-se, definitivamente, depois de generosas indagações num alinhamento de temas que depressa constatamos serem desalinhados, desequilibrados, que se ladeiam entre o formalismo excessivo da produção, a vontade de serem estrelas pop e a espontaneidade da alma do autor com urgência em se expressar.

Produzido na totalidade por Woon, com uns apoios extra divididos entre Burial e Royce Wood Jr., Mirrorwriting é pretensioso pela forma como tenta devolver à pop alguma frescura perdida socorrendo-se de mecanismos que têm, em parte, definições pós-dubstep. Nada de errado nisso em si, apenas James Blake antecipou-se com mais criatividade, engenho e clarividência. A comparação com Blake resume-se meramente à forma como as tipologias foram colocadas frente-a-frente e como cada um dos dois novos meninos bonitos da música britânica as colocaram a dialogar entre si. Nada mais se pode comparar nos estilos – distintos – que caracterizam Mirrorwriting e James Blake – o enchamboado e oportunista On a Mission de Katy B nem se percebe porque é usado por algumas almas para comparações nesta zona do bairro.

Jamie Woon possui uma voz que não deixa ninguém indiferente; é luminosa, incisiva. Reside aí um dos atractivos de um disco que falha na transparência da sua essência. Promete mistério, vultos solitários em busca da felicidade no meio da noite, distribui melancolia, relata amores desencontrados e fracassados. E nem todas as promessas se confirmam. Depois de uma humilde busca concluímos que há uma luz reconfortante no meio da escuridão que ilumina os espaços ocupados por "Night Air", "Street", "Shoulda" (um dos melhores momentos) ou "Gravity"; mas essa luz também depressa se eclipsa a favor da intensidade de uma vaidade improfícua – que assenta perfeitamente nas insossas ondas das rádios mainstream – representada em "Spirits", "Echoes" ou "TMRW". Nem tudo é perda de tempo em Mirrorwriting, mas esperava-se algo bem mais substancial, recto e desafiador, especialmente desafiador. Mais uma prova que se deve nivelar por baixo a fasquia das expectativas de algumas estreias. Poupa desilusões no futuro.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

Parceiros