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Wildcookie
Cookie Dough
· 12 Abr 2011 · 10:52 ·

Wildcookie
Cookie Dough
2011
Tru-Thoughts
Sítios oficiais:
- Wildcookie
- Tru-Thoughts
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Bolachinha selvagem de soul semi-dopada.
A alma tem sempre algo a dizer na música. Algo a acrescentar. Mesmo não havendo nada verdadeiramente novo na mensagem. Mas como deixar de ouvir música não é opção para o dedicado melómano, encontre-se alguma satisfação nem que seja no repisar de ideias. Para ficarmos claros logo no inicio, não se espere deste projecto de Freddie Cruger e Anthony Mills, Wildcookie, grandes ambições para atingir novos horizontes mesmo que a dupla viva de um jogo de palavras irónicas para homenagear o apetite de imortalidade de alguns livres-pensadores que serviram de fonte de inspiração para esta acção. É também nessa aresta polida que acabamos por encontrar um dos pilares mais interessantes deste registo que chega ao extremo de elogiar a heroína na evolução do cânon do jazz, do blues ou da soul, reconhecendo que sem ela, a música da alma não teria atingido o nível de absoluta liberdade que hoje lhe conhecemos.
Nenhum dos intervenientes aqui envolvidos é desconhecedor dos meandros da soul e da matriz sonora afro-americana no geral. E isso descobre-se aqui com relativa facilidade enquanto se ouve e se indaga a personalidade dos autores: primeiro, Freddie Cruger – também conhecido por Red Astarir – é um dos mais discretos produtores da nova soul engendrada no velho continente. Não tendo um extenso e impressionante curriculum, ofertou-nos em 2006 o excelente Soul Search, disco debutante que não deixou de impressionar gente como Jazzy Jeff, Norman Jay, Bobbito, Gilles Peterson ou Erykah Badu. Segundo, Anthony Mills, de formação operista e a outra metade deste Wildcookie, tem, por seu lado, um percurso distinto do seu parceiro, tendo, como vocalista soul, créditos firmados ao lado de ilustres Harry Belafonte, Krs-One, Amy Winehouse, Leela James, Maxi Priest, Sizzla ou Sly Dunbar.
Wildcookie resume-se, então, à experiência individual de cada um e Cookie Dough a derradeira formalização da parceria. Por um lado, um produtor com perspectiva de futuro que não se fadiga do joguete entre o ontem e o hoje da soul, do jazz, do hip-hop e do funk. Por outro, um experiente vocalista, que de tema para tema nos surpreende com variegados contorcionismos vocais dignos de um Prince.
Ocasionalmente contundente, sem extravasamentos, compacto, Cookie Dough pretende ser soul de mente aberta, disponível a acolher os mais variados estímulos exteriores. Nem sempre há uma particular coerência estética ou clarividência na escrita criativa para a conjugação de ambientes, de estados de espírito. A seguir a momentos de entusiasmo, não deixam de se suceder minutos inócuos em que prevalecem os valores de produção, mas pouca criação de excepção. Isso sobressai, em particular, na segunda metade do disco quando se perde algum fôlego deixando o mero formalismo gerir o tempo e o espaço. Onde no início sobressaem pertinentes peças dopadas, de delírio saudável como "Song With No Ending", "Serious Drug", "Jackson Miles" ou "Heroine", seguem-se períodos de maior racionamento criativo com "Touchy Touchy", "Piece Of Mind", "Tuesday Is Friday" ou o enchamboado exercício revivalista house de moldes clássicos, "Autocoon". Tudo junto não forma a unidade desejada, mas nem por isso deixam de existir canções dignas de referência. Canções que ficariam muito melhor arrumadas num EP.
Rafael SantosNenhum dos intervenientes aqui envolvidos é desconhecedor dos meandros da soul e da matriz sonora afro-americana no geral. E isso descobre-se aqui com relativa facilidade enquanto se ouve e se indaga a personalidade dos autores: primeiro, Freddie Cruger – também conhecido por Red Astarir – é um dos mais discretos produtores da nova soul engendrada no velho continente. Não tendo um extenso e impressionante curriculum, ofertou-nos em 2006 o excelente Soul Search, disco debutante que não deixou de impressionar gente como Jazzy Jeff, Norman Jay, Bobbito, Gilles Peterson ou Erykah Badu. Segundo, Anthony Mills, de formação operista e a outra metade deste Wildcookie, tem, por seu lado, um percurso distinto do seu parceiro, tendo, como vocalista soul, créditos firmados ao lado de ilustres Harry Belafonte, Krs-One, Amy Winehouse, Leela James, Maxi Priest, Sizzla ou Sly Dunbar.
Wildcookie resume-se, então, à experiência individual de cada um e Cookie Dough a derradeira formalização da parceria. Por um lado, um produtor com perspectiva de futuro que não se fadiga do joguete entre o ontem e o hoje da soul, do jazz, do hip-hop e do funk. Por outro, um experiente vocalista, que de tema para tema nos surpreende com variegados contorcionismos vocais dignos de um Prince.
Ocasionalmente contundente, sem extravasamentos, compacto, Cookie Dough pretende ser soul de mente aberta, disponível a acolher os mais variados estímulos exteriores. Nem sempre há uma particular coerência estética ou clarividência na escrita criativa para a conjugação de ambientes, de estados de espírito. A seguir a momentos de entusiasmo, não deixam de se suceder minutos inócuos em que prevalecem os valores de produção, mas pouca criação de excepção. Isso sobressai, em particular, na segunda metade do disco quando se perde algum fôlego deixando o mero formalismo gerir o tempo e o espaço. Onde no início sobressaem pertinentes peças dopadas, de delírio saudável como "Song With No Ending", "Serious Drug", "Jackson Miles" ou "Heroine", seguem-se períodos de maior racionamento criativo com "Touchy Touchy", "Piece Of Mind", "Tuesday Is Friday" ou o enchamboado exercício revivalista house de moldes clássicos, "Autocoon". Tudo junto não forma a unidade desejada, mas nem por isso deixam de existir canções dignas de referência. Canções que ficariam muito melhor arrumadas num EP.
r_b_santos_world@hotmail.com
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