DISCOS
Lykke Li
Wounded Rhymes
· 11 Mar 2011 · 10:19 ·
Lykke Li
Wounded Rhymes
2011
Atlantic / LL


Sítios oficiais:
- Lykke Li
- Atlantic
Lykke Li
Wounded Rhymes
2011
Atlantic / LL


Sítios oficiais:
- Lykke Li
- Atlantic
Depois da pop, o reverb. E não devia ser sempre assim?
Se há quem não se tenha que preocupar com o FMI ou com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira, são os suecos. Mais exportadores do que importadores, habituaram-se há muito a habituar-nos bem. E demais, porque quando as coisas andam menos bem por terras mediterrânicas, eis que questionamos: que é da Suécia? Pois bem, três anos depois de um bem sucedido e simpático primeiro disco, Lykke Li regressa com Wounded Rhymes, a confirmar tudo o que afirmei anteriormente. Está bem e recomenda-se, portanto.

Youth Novels, de 2008, foi seguramente um bom começo para a artista sueca. Contém alguns bons temas que ainda hoje podem vir à baila por uma razão ou outra – dançar, dançar, dançar talvez seja a mais óbvia – e isso, por si só, já é de louvar. Mas logo se coloca a questão de um segundo disco, e de como ultrapassar o fantasma do costume. A solução foi simples: inventar mais, arriscar mais, pensar menos.

Wounded Rhymes é, em todo o caso, um disco mais desorientado que o anterior, e nos dois sentidos da palavra. Começa estrondoso, em “Youth Knows No Pain”, comandado pelos ritmos e pelo hammond, enquanto o baixo e a guitarra definem o riff que precede mais um refrão orelhudo. Aliás, o rock é uma das boas aquisições para o álbum. Findada a apoteose rítmica, pouco tempo há para absorver o que quer que seja, pois “I Follow Rivers”, primeiro single do alinhamento, está já a descolar. A partir daqui, o disco desagua numa fase mais melodiosa, lamechas, em que as imperfeições vocais de Lykke Li surgem mais despidas. Se não fossem tão boas canções, com um reverb tão longo, tinha-nos sabido a pouco, muito pouco.

Sim, porque o segredo de Wounded Rhymes está também no reverb, o que não é de todo ridículo. Não que haja segredo algum em reverberar merdas, mas a sua utilização e a forma como é feito neste disco, torna-o muito menos cru e mais absorvente que Youth Novels – já tinha reverb, mas daquele tipo champomi. Feitas as contas, e tirando alguns momentos menos conseguidos como “Unrequited Love”, Lykke Li não desonrou o nome da família. Inventou, arriscou e reverberou. É preciso pedir mais?
Simão Martins
simaopmartins@gmail.com

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