DISCOS
V/A
007
· 19 Jul 2003 · 08:00 ·

V/A
007
2003
Bor Land
Sítios oficiais:
- Bor Land
007
2003
Bor Land
Sítios oficiais:
- Bor Land

V/A
007
2003
Bor Land
Sítios oficiais:
- Bor Land
007
2003
Bor Land
Sítios oficiais:
- Bor Land
Após o lançamento dos EP’s de gente como os Norton e The Neon Road e do álbum de Old Jerusalem, a incipiente editora nortenha Bor Land voltou às compilações. O regresso dá pelo nome de 007 e corresponde ao quarto tomo neste formato, depois de Looking For Something, Your Imagination e Looking For The Stars. O propósito, esse, mantém-se intacto – o de divulgar novos projectos de origem nacional, de diferentes esferas estilísticas, com paixão. 007 apresenta-se-nos, deste modo, como uma pequena história de catorze capítulos. De catorze promissores capítulos que traduzem na perfeição o passo significativo que a própria Bor Land tem dado nos últimos meses.
A fórmula comum do passeio que se inicia acelerado e com término calmo, nesta compilação, não é correspondida. É, pelo contrário, invertida. Como, aliás, a ideologia da Bor Land. «Sight», dos In Her Space, – o tema que abre a história - é precisamente um calmante para adormecer, de tanta delicadeza e calma que emana. No lado extremo, «Outta’yer», dos Bildmeister, - o tema que fecha a história - é um poço de energia. No início são os ambientes relaxantes com um toque de Matmos que nos chegam, delicadamente, aos ouvidos. No final ouvimos uma espécie de Sonic Youth sob uma injecção de energia adolescente.
Pelo meio, doze capítulos. Todos eles agradáveis, a maior parte interessante. Partindo desta pressuposição, facilmente desvendamos em 007 uma hora de música e músicos com vontade de crescer e saber mais. Numa era em que a inovação é uma espécie em vias de extinção, resta-nos pedir criatividade e interesse às reciclagens que se vão fazendo do passado. E neste campo, o objecto-história cumpre as exigências e, mais importante, consegue surpreender. 007 exala frescura e vida, seja na candura em formato acústico de «Is This April» de Old Jerusalem, seja na elegância da pop açucarada de «Amour Le Coquin!» dos Simpletone ou nos sons kid-a-nos de «We Love Our Guns» dos Stowaways. Reciclagens criativas q.b., diria eu.
Em 007 as guitarras assumem um especial protagonismo, apesar de, contudo, não ser de rock convencional de que aqui se fala. Elas sobressaem no breve lamento arrastado de «Autumnal» dos Mindelo e no limão ácido de «O Mundo A Dormir» dos Tenaz. Elas explodem em «Am I Welcome Here» do projecto The Neon Road e flutuam, embaladas por um violino e um teclado de órgão, em «Blue Song» dos Norton. «Brightned Star», dos Alla Pollaca em versão da Stealing Orchestra, a par com o tema dos In Her Space, será um dos temas mais suaves da compilação que parece nos querer transportar às nuvens. Música de embalar - entre guitarras, pianos mágicos e ecos electrónicos de Boards Of Canada – servida por um soporífico canto feminino.
Para corroborar a diversidade de ambientes da qual a história 007 é construída, damo-nos de ouvidos com o experimentalismo de «Sky Mistik» do projecto Kubik, aka Victor Afonso. É notável o eclectismo do qual é revestido este capítulo. Em apenas 4 minutos e 19 segundos temos a possibilidade única de escutar, em combinação íntegra ou não, um coro gregoriano, uma jam session de percursão, uma guitarra de flamengo, um contrabaixo, um jazz a piano, um saxofone, uma batida hip hop ou uma voz feminina hipnótica. Por vezes, pareço ouvir Dead Can Dance, outras vezes algo mais.
Para o final, a frescura e a adolescência das guitarras acústicas fica a cargo dos Morangus que em «Blunder» realizam o melhor momento pop descomprometido da compilação. Segue-se o diabólico momento assinado pelo projecto Wave Simulator, uma espécie de uns Trail Of Dead mais aborrecidos e negros, a roçar o metal.
Chegados ao fim do passeio, uma constatação. A Bor Land está a traçar um dos trajectos mais estimulantes do reino editorial nacional. Os projectos são interessantes. O culto já se instalou. Só nos resta aguardar mais frescura e vontade para os próximos meses da editora.
Tiago CarvalhoA fórmula comum do passeio que se inicia acelerado e com término calmo, nesta compilação, não é correspondida. É, pelo contrário, invertida. Como, aliás, a ideologia da Bor Land. «Sight», dos In Her Space, – o tema que abre a história - é precisamente um calmante para adormecer, de tanta delicadeza e calma que emana. No lado extremo, «Outta’yer», dos Bildmeister, - o tema que fecha a história - é um poço de energia. No início são os ambientes relaxantes com um toque de Matmos que nos chegam, delicadamente, aos ouvidos. No final ouvimos uma espécie de Sonic Youth sob uma injecção de energia adolescente.
Pelo meio, doze capítulos. Todos eles agradáveis, a maior parte interessante. Partindo desta pressuposição, facilmente desvendamos em 007 uma hora de música e músicos com vontade de crescer e saber mais. Numa era em que a inovação é uma espécie em vias de extinção, resta-nos pedir criatividade e interesse às reciclagens que se vão fazendo do passado. E neste campo, o objecto-história cumpre as exigências e, mais importante, consegue surpreender. 007 exala frescura e vida, seja na candura em formato acústico de «Is This April» de Old Jerusalem, seja na elegância da pop açucarada de «Amour Le Coquin!» dos Simpletone ou nos sons kid-a-nos de «We Love Our Guns» dos Stowaways. Reciclagens criativas q.b., diria eu.
Em 007 as guitarras assumem um especial protagonismo, apesar de, contudo, não ser de rock convencional de que aqui se fala. Elas sobressaem no breve lamento arrastado de «Autumnal» dos Mindelo e no limão ácido de «O Mundo A Dormir» dos Tenaz. Elas explodem em «Am I Welcome Here» do projecto The Neon Road e flutuam, embaladas por um violino e um teclado de órgão, em «Blue Song» dos Norton. «Brightned Star», dos Alla Pollaca em versão da Stealing Orchestra, a par com o tema dos In Her Space, será um dos temas mais suaves da compilação que parece nos querer transportar às nuvens. Música de embalar - entre guitarras, pianos mágicos e ecos electrónicos de Boards Of Canada – servida por um soporífico canto feminino.
Para corroborar a diversidade de ambientes da qual a história 007 é construída, damo-nos de ouvidos com o experimentalismo de «Sky Mistik» do projecto Kubik, aka Victor Afonso. É notável o eclectismo do qual é revestido este capítulo. Em apenas 4 minutos e 19 segundos temos a possibilidade única de escutar, em combinação íntegra ou não, um coro gregoriano, uma jam session de percursão, uma guitarra de flamengo, um contrabaixo, um jazz a piano, um saxofone, uma batida hip hop ou uma voz feminina hipnótica. Por vezes, pareço ouvir Dead Can Dance, outras vezes algo mais.
Para o final, a frescura e a adolescência das guitarras acústicas fica a cargo dos Morangus que em «Blunder» realizam o melhor momento pop descomprometido da compilação. Segue-se o diabólico momento assinado pelo projecto Wave Simulator, uma espécie de uns Trail Of Dead mais aborrecidos e negros, a roçar o metal.
Chegados ao fim do passeio, uma constatação. A Bor Land está a traçar um dos trajectos mais estimulantes do reino editorial nacional. Os projectos são interessantes. O culto já se instalou. Só nos resta aguardar mais frescura e vontade para os próximos meses da editora.
tcarvalho@esec.pt
ÚLTIMOS DISCOS


ÚLTIMAS