DISCOS
V/A
A sense of where we are
· 16 Jul 2003 · 08:00 ·
V/A
A sense of where we are
2003
My Pal God Records


Sítios oficiais:
- My Pal God Records
V/A
A sense of where we are
2003
My Pal God Records


Sítios oficiais:
- My Pal God Records
De 0:36 a 7:27. De The Fall a Clash, de Tortoise a (Smog), de Cure a Kraftwerk. As referências parecem não faltar. Mas quase sempre assente nas águas barrentas do Punk Rock, do New Wave e de uns muito saudosos 70’s e 80’s. É uma constatação do estado das coisas a partir de um punhado de bandas da My Pal God Records. “A sense of where we are”, ou se quisermos, uma bússola para nos guiar nas caóticas referências contemporâneas, mas que nos deixa ainda mais atordoados. A permanente discussão sobre o retorno às raízes do Rock e a um modo de expressão tão primordial esquece-se que, por muito que a música evolua tecnicamente para formas progressivamente mais complexas, é imanente a necessidade de demonstrar e soltar certos sentimentos e sensações, ou seja, um back to the basics que é o grande trunfo deste álbum, embora as guitarras distorcidas e as baterias sempre no tempo não consigam disfarçar - nem tentem - um certo primitivismo de meios que acaba por seduzir, porque soa tão cru e seminal. No entanto, nem todas as bandas da família My Pal se baseiam em revivalismos punk - basta ouvir Emperor Penguin e a sua electrónica fantasiosa, que em “Magma Nights” se mistura com funk e solos virtuosos. O electroclash também está presente (e os vocoders dos Knodel fazem-nos tanto lembrar as festas equidistantes entre os anos 80 e a cultura trash), assim como o Folk songwritten dos Bitter, Bitter Weeks, um corpo estranho na própria composição de “A sense of where we are”.

De um conjunto de músicos já mais ou menos afirmados, de Drums and Tuba a Lungs of a Giant, de Ex Models a Paul Newman (cujo nome é uma homenagem ao actor), o mínimo que se pode dizer é que soam descomprometidos com a história recente da música popular, e, felizmente, não parecem ter aprendido demasiado com as lições do punk e da new wave. Ainda bem, porque esse descomprometimento, próprio de uma pequena editora indie (gerida por apenas uma pessoa, Jon Solomon) permite ir buscar correntes fora do tempo e integrá-las num todo que não parece apenas fruto do momento, da época, já que as músicas deste sample da obra da My Pal têm algo de intemporal, ou melhor, têm muito pouco de 90’s (com a excepção da obra pós-rock “DC Snaxter” dos Del Rey). Como se, no universo da editora de Princeton, o movimento homogeneizador das majors passasse ao lado. Ainda bem.
Nuno Cruz

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