O ano de 2011 ainda agora chegou e a editora Boring Machines já apresenta duas edições quentinhas. De um lado, Luciano Maggiore e Francesco “Fuzz� Brasini desvendam Chàsm Achanés; do outro lado, o grupo Chapter 24, em colaboração com Philippe Petit, edita The Red Giant meets the White Dwarf. Duas edições que, apesar das diferenças no conteúdo, partilham algumas ideias gerais: a exploração de um som contínuo, lento, na forma de drone, mais ou menos trabalhado/transformado.

Nos trinta e cinco minutos que fazem Chàsm Achanés encontramos uma faixa única, que vive numa imensa tensão lenta. O som resultante das electrónicas (Maggiore) e das guitarras (Brasini) funciona como um espécie de espiral absorvente, envolvendo-nos num drone minimal que progressivamente se vai transformando, sempre de forma pausada e subtil. Evocando o trabalho de Phill Niblock, este registo da dupla de italianos – de Bolonha, atenção - respeita o legado do mestre do micro-tonalismo. Apesar da abordagem minimal, o som torna-se viciante, na sua forma cíclica.

A nível formal, o disco The Red Giant meets the White Dwarf encontrará alguns pontos de contacto com o anterior, mas encontra também naturais diferenças. Este disco é fruto do encontro do grupo Chapter 24, trio grego que ao longo de três décadas tem trabalhado o “experimental� através das suas diferentes possibilidades, com o francês Philippe Petit, também experimentalista (além de colaborar com artistas de diferentes áreas, como a grande Cosey Fanni Tutti, é também responsável da label BiP_HOp).

The Red Giant... resulta de uma actuação ao vivo e condensa ao longo de nove faixas (distribuídas por cerca de 45 minutos) uma música feita de mais camadas, mais densa, mais recheada. Menos subtil que Chàsm Achanés, este disco partilha com esse álbum a ideia de sobriedade, cada faixa vive num registo controlado, onde (felizmente) nunca se sente o desejo escapar. Só para o final do disco os temas ganham uma forma mais tradicional, mais “musical�, com o piano a roubar o espaço. Apesar dessa viragem final, o disco mantém um delicioso ambiente etéreo: baço e indefinível.