DISCOS
Folk Implosion
The New Folk Implosion
· 11 Jul 2003 · 08:00 ·
Folk Implosion
The New Folk Implosion
2003
Domino


Sítios oficiais:
- Folk Implosion
- Domino
Folk Implosion
The New Folk Implosion
2003
Domino


Sítios oficiais:
- Folk Implosion
- Domino
Ignoremos, por momentos, a panóplia de projectos em que Lou Barlow se envolveu nos últimos anos para nos concentrarmos nos renovados Folk Implosion. Esqueçamos a sua passagem pelos Dinosaur Jr., no final da década de 80. Deixemos descansar os Sebadoh e os Sentridoh. Finjamos que o trabalho artístico de Barlow não tenha tido qualquer influência sobre a nação indie que se viria a demarcar durante a última década do século passado.

Centremo-nos nos novos Folk Implosion. Esqueçamos os Folk Implosion de Barlow e John Davis, aqueles que em 1994 gravavam Take A Look Inside e que no ano seguinte se faziam ouvir na banda sonora do filme-choque Kids, com ataques lo-fi por todo o lado. Abstraemo-nos de álbuns como One Part Lullaby (1999) e Dare To Be Surprised (1997) e de temas tão deliciosamente pop como «Free To Go» ou «Natural Ones», o mais mediático momento do projecto.

John Davis abandonou os Folk Implosion em 1999. A Barlow juntaram-se, por sua vez, Imaad Wasif e Russell Pollard (também Sebadoh) na perspectiva de dar continuidade ao projecto. Os novos Folk Implosion são agora, de acordo com o seu mentor, menos experimentais e andam em busca da combinação perfeita entre a filosofia do lo-fi e do hi-fi.

Ao ouvir este álbum, confirma-se a descrição de Barlow. The New Folk Implosion é um álbum polido, concentrado na transparência da voz e no apuramento do som das guitarras. O pior é constatar que esta nova direcção não constitui necessariamente algo de bom. «Fuse», o tema que abre o álbum, remete-nos, surpreendentemente, para uma espécie de uns Tool rendidos ao indie-rock, ou antes, para uma espécie de indie-rock rendido aos delírios arty metal de uns Tool, jamais comprometendo a fasquia do álbum. O rock poderoso, o de riffs pesados e tristes, parece ter-se infiltrado no sangue do novo projecto e, sorrateiramente, permanecido. A partir deste momento, podemos quase que traçar o curso do resto do álbum. Pressente-se e confirma-se, posteriormente, um desfilar de longos e, por vezes, aborrecidos exercícios de rock ora pesado, ora psicadélico, ora melodioso, com refrões orelhudos, algumas vezes assinalando aproximações perigosas ao pós-grunge. Algo me diz que Barlow andou a ouvir Songs For The Deaf dos Queens Of The Stone Age. Umas vezes medianos, outras vezes desinteressantes, temas como «Brand Of Skin», «Releast», «End Of Henley» vão correndo sem deixar marcas.

Para quebrar a lógica de insipidez da qual se reveste grande parte do álbum, apenas três momentos: «Pearl», a simpática e agradável mas tendenciosamente melosa melodia folk que nos vem acariciar os ouvidos quando já pouco esperávamos depois de duas explosões eléctricas pouco expectáveis; o áspero e arrastado mo(nu)mento resultante da combinação quase improvável entre o universo negro e denso dos Tool e a melodia de uns Pearl Jam; e o desfecho tranquilo, quase baladeiro, de nome «Easy».

Deste modo, parece claro que os novos Folk Implosion são um projecto que, ao procurar transparência para o seu som, perdeu o brilho e a frescura que Barlow e Davis imprimiram ao projecto na década de noventa. The New Folk Implosion ganha em poderosas mas gastas descargas eléctricas aquilo que perde em interesse e groove. Passa-nos, por diversos momentos, ao lado. O que não é necessariamente bom.
Tiago Carvalho
tcarvalho@esec.pt

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