DISCOS
Corações de Atum
Romance / Hardcore
· 27 Jan 2011 · 09:52 ·
Corações de Atum
Romance / Hardcore
2010
David Ferreira Investidas Editoriais


Sítios oficiais:
- Corações de Atum
Corações de Atum
Romance / Hardcore
2010
David Ferreira Investidas Editoriais


Sítios oficiais:
- Corações de Atum
Falsos gémeos siameses.
«É p’ró menino e p’rá menina!». O conhecido pregão popular deverá sofrer uma adaptação quando se aborda o duplo álbum dos Corações de Atum. Romance / Hardcore são duas faces da mesma moeda. Este trabalho tem uma cara passível de difusão radiofónica generalista (Romance), enquanto a coroa (Hardcore) é apenas para consumo de ouvidos pouco susceptíveis. O que verdadeiramente distingue as duas rodelas é o facto de Hardcore ter palavrões, vulgo caralhadas – das que Manuel João Vieira usa e abusa (quase sempre bem) nos seus projectos mais conhecidos, como Ena Pá 2000 e Irmãos Catita. Até se pode jogar às diferenças, em temas como “Eu Gostava de (Gostar de Alguém)”, versões normal e rápida, “Strip Tease” e “Quando Eu Ganhar o Totoloto”, ambas com takes soft e hard.

Musicalmente, o dois-em-um é coerente. Quase sempre em registo jazzístico, apresenta composições com diferentes andamentos. Umas melancólicas, como “Cowboy Solitário”, e outras mais ritmadas – oiça-se “Gosto de Ti (Realmente)”. Há lugar para o swing, para a bossa, em “Samba nº 1”, o dixieland e uma piscadela de olho ao samba-canção, em “O Borracho”. Manuel João Vieira assume o papel de crooner à moda antiga (tocando também bandolim, banjo e harmónica em algumas faixas), sendo acompanhado por uma extensa lista de músicos, não só dos Corações de Atum como convidados, nos quais se inclui um quarteto de cordas.

Podem apresentar-se estes temas num sítio onde seja possível estar sentado, a tomar um drink, enquanto se conversa, mas onde também se possa dançar agarradinho na pista. Mas, faites attention: Romance terá o seu espaço de eleição num piano bar frequentado por uma clientela selecta; já Hardcore enquadra-se num ambiente de cabaret mais ou menos decadente – ou, então, sirvam-se ambos, quais gémeos siameses, num espaço multiusos como o Maxime, onde o disco foi gravado.
Hugo Rocha Pereira
hrochapereira@bodyspace.net

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