DISCOS
Maps & Atlases
Perch Patchwork
· 27 Out 2010 · 23:00 ·
Maps & Atlases
Perch Patchwork
2010
Fatcat Records / Flur


Sítios oficiais:
- Maps & Atlases
- Fatcat Records
- Flur
Maps & Atlases
Perch Patchwork
2010
Fatcat Records / Flur


Sítios oficiais:
- Maps & Atlases
- Fatcat Records
- Flur
A geografia, a matemática, e a pop como disciplinas do ensino secundário.
Se há rótulos na música que são um turn-off imediato quase tanto como "Cátia Vanessa" o é nas mulheres, esse rótulo será o de Math Rock. Sim, a sua criação até foi mais ou menos inteligente, e há bandas absurdamente boas às quais o aplicam, os Battles à cabeça; mas, para quem seguiu humanidades no secundário, o mero acto de pensar nas aulas de métodos quantitativos (isto para quem é da velha escola), onde números imaginários e fracções se posicionam como batalhões de uma infinita armada inimiga, provoca um enorme sentimento de terror. Ter acabado com uma média considerável não é de todo uma ajuda.

Mas depois havia a geografia, dedicada a todos os putos que passavam horas com a enciclopédia caseira aberta na página do mapa-mundi, decorando nomes de países e ilhas longínquas e respectivas bandeiras com a mesma facilidade com que se decoravam todos os truques e batotas do Sonic & Knuckles na velhinha Mega Drive. E havia o português, especialmente quando entrávamos no campo pessoano, e a arrogância juvenil levava-nos a querer escrever, também, poemas. Hoje rimo-nos de tudo isso, num misto de nostalgia e gozação.

Será esse misto que leva Dave Davison a abrir "The Charm" com uma frase bonita e muito própria da adolescência: I don't think there is a sound that I hate more than the sound of your voice when you say that you don't love me anymore. E basta a simplicidade disto e o ritmo de marcha para Perch Patchwork se entranhar; a guitarra dançante e o ritmo tribal de "Living Decorations" apenas o confirma aos cépticos. E há ainda "Solid Ground", para que os putos referidos anteriormente não se sintam sozinhos e se tornem na espécie de adultos que se detém num cais a observar o horizonte.

Não será menos certo que as mudanças bruscas de métricas afugentem alguns menos habituados, mas Perch Patchwork, se lhe dedicarmos algum tempo na era das pressas, é definitivamente um grower. E tem em "Pigeon", e na sua reminiscência dos Vampire Weekend, um argumento de peso. Um belo disco pop e uma estreia que promete futuro, como o determina o final do disco e do tema homónimo: We'll take what we can get. Esperemos que sim.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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