DISCOS
Shit Robot
From The Cradle To The Rave
· 06 Out 2010 · 10:10 ·
Shit Robot
From The Cradle To The Rave
2010
DFA


Sítios oficiais:
- Shit Robot
- DFA
Shit Robot
From The Cradle To The Rave
2010
DFA


Sítios oficiais:
- Shit Robot
- DFA
Os pés de dança mais atrevidos de 2010 terão necessariamente que mexer ao som do último pupilo da DFA.
Marcus Lambkin pode ser de tudo um pouco. Menos idiota. Mais conhecido como Shit Robot, o DJ que só queria passar música soube rodear-se de boa gente para iluminar o caminho aberto com From The Cradle To The Rave, primeiro disco do mais recente pupilo da DFA, que apadrinha nomes como LCD Soundsystem, Hot Chip ou Juan Maclean. E estes três nomes não são referidos por mero acaso. Além de serem os mais sonantes, mediáticos e, vá, bem sucedidos, dão um contributo muito especial e decisivo ao disco debutante de Lambkin.

From The Cradle To The Rave não pede mais do que aquilo a que se propõe. Aconselha-se a sua utilização em locais específicos e preparados, de acordo com normas socialmente aceites, para receber mais uma boa dose de techno, house e disco, rótulos que sempre fizeram parte da sonoridade e sucesso da DFA. Uma das grandes malhas do disco é, sem dúvida, aquela que conta com a participação de Alexis Taylor, dos Hot Chip, “Losing My Patients”, num registo menos disco que o restante alinhamento. Mas estão lá os sintetizadores saltitantes, que parecem decalcados duma qualquer faixa do grupo liderado por Taylor – mas bem, diga-se.

Mesmo conduzido segundo linhas bem definidas, o álbum percorre diferentes tendências dance, pés de dança para todos os gostos, por assim dizer, rejeitando aquilo que poderia ser mais um disco de 50 minutos de house, ou techno. A utilização de um riff de guitarra, em “Grim Receiver”, é prova disso mesmo. A malta sabe que o segredo está nas teclas e nas drum machines, mas o risco acaba rapidamente numa mais-valia.

Lambkin é, além de tudo, um gajo cheio de pinta e coragem. Atreveu-se a lançar uma “I Got A Feeling”, sem medo de represálias de Queiroz ou Madaíl. O resultado é nada mais nada menos que oito minutos de puro êxtase em torno de uma voz negra cheia de feeling – sim, queriam a Fergie, mas essa ficou para o Ronaldo –, num house contagiante que prepara a caminha para o triunfante James Murphy, em “Triumph”, que não quis perder pitada da estreia de Lambkin – aliás, o nome Shit Robot partiu de uma brincadeira entre os dois, por causa de uma dança robótica merdosa que Lambkin fazia nos seus DJ sets. Um dia, o tipo dos LCD telefonou ao outro e disse: “Estou a fazer um cartaz. Apareces como Lambkin ou como Shit Robot?”. O gajo não quis ser desmancha-prazeres.

Estórias à parte, é sem dúvida um disco a incluir num qualquer set em que se pretende ter a malta a vibrar. É, para além disso, sinal de que a marca DFA chegou para marcar um ponto na história da música de dança dos últimos anos e Shit Robot já tem lá o nome cravadinho. E, aqui só para nós, isso é que interessa!
Simão Martins
simaopmartins@gmail.com
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