DISCOS
Jana Winderen
Energy Field
· 30 Jun 2010 · 20:53 ·
Jana Winderen
Energy Field
2010
Touch
Sítios oficiais:
- Jana Winderen
- Touch
Energy Field
2010
Touch
Sítios oficiais:
- Jana Winderen
- Touch
Jana Winderen
Energy Field
2010
Touch
Sítios oficiais:
- Jana Winderen
- Touch
Energy Field
2010
Touch
Sítios oficiais:
- Jana Winderen
- Touch
Um quarto de hotel, o fundo do mar e um monte de hidrofones.
Jana Winderen averigua cada uma das pedras que possa ocultar uma dimensão à partida invisÃvel. Feito à sua imagem, um disco tão abundante como Energy Field garante, logo à partida, que por aqui anda uma investigadora insaciável dos sons que escapam ao radar mais mundano. Ao que parece, a norueguesa armou-se com o melhor equipamento de gravações de campo e partiu para as paragens mais remotas do Mar da Noruega, Mar de Barents e todo o oceano que rodeia os glaciares. Se toda esta imagem parece estupidamente romântica, o disco em si nada faz por camuflar essa mesma sensação de isolamento, que lá está bem escancarada nos corvos de um Edgar Allan Poe e no barulho do mar revoltoso que associarÃamos a um Hemingway. São pesos pesados da literatura, e devem ser mencionados com cautela, mas Energy Field exibe a barba épica necessária para que não hajam suspeitas quanto ao seu porte.
Para mais, toda esta atenção prestada ao reino submarino não é um mote exclusivo de Energy Field e marca também presença na cassete de tiragem limitada The Noisiest Guys on the Planet (não, não são os Fuck Buttons), que presta a sua peculiar homenagem à criatividade e riqueza dos ruÃdos produzidos pelos animais marinhos com dez patas. Como se percebe, a missão quase exaustiva de Jana Winderen não tem um propósito vulgar.
Estranhamos depois ver, no interior do digipack, fotos de um quarto de hotel e a seguinte pergunta em dois tempos: What do you think this is…? A hotel? Com isto (e com a ambivalência dos sons oceânicos que parecem o chiar de portas velhas), não fica de parte a hipótese de Energy Field ser um disco que procura explicar como o fundo do mar, tal como um quarto de hotel, é um espaço com uma memória vastÃssima e em grande parte desconhecida. Os sons atÃpicos, colhidos numa corrente fria situada numa posição inferior a uma corrente quente, podem até ser, num quarto de hotel, aquilo que ficou conhecido como secret wall tattoos, ilustrações feitas por debaixo de espelhos e quadros pregados nas paredes de pensões e motéis. As secret wall tattoos não são sequer aparentes quando alguém entra num quarto, ainda que lá estejam. A fertilidade musical do mais profundo oceano escapa muitas vezes ao consciente, mas ocupa cada minuto de Energy Field.
Miguel ArsénioPara mais, toda esta atenção prestada ao reino submarino não é um mote exclusivo de Energy Field e marca também presença na cassete de tiragem limitada The Noisiest Guys on the Planet (não, não são os Fuck Buttons), que presta a sua peculiar homenagem à criatividade e riqueza dos ruÃdos produzidos pelos animais marinhos com dez patas. Como se percebe, a missão quase exaustiva de Jana Winderen não tem um propósito vulgar.
Estranhamos depois ver, no interior do digipack, fotos de um quarto de hotel e a seguinte pergunta em dois tempos: What do you think this is…? A hotel? Com isto (e com a ambivalência dos sons oceânicos que parecem o chiar de portas velhas), não fica de parte a hipótese de Energy Field ser um disco que procura explicar como o fundo do mar, tal como um quarto de hotel, é um espaço com uma memória vastÃssima e em grande parte desconhecida. Os sons atÃpicos, colhidos numa corrente fria situada numa posição inferior a uma corrente quente, podem até ser, num quarto de hotel, aquilo que ficou conhecido como secret wall tattoos, ilustrações feitas por debaixo de espelhos e quadros pregados nas paredes de pensões e motéis. As secret wall tattoos não são sequer aparentes quando alguém entra num quarto, ainda que lá estejam. A fertilidade musical do mais profundo oceano escapa muitas vezes ao consciente, mas ocupa cada minuto de Energy Field.
migarsenio@yahoo.com
ÚLTIMOS DISCOS
ÚLTIMAS