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Holy Fuck
Latin
· 07 Jun 2010 · 14:49 ·
Holy Fuck
Latin
2010
Young Turks


Sítios oficiais:
- Holy Fuck
- Young Turks
Holy Fuck
Latin
2010
Young Turks


Sítios oficiais:
- Holy Fuck
- Young Turks
Latinidades à parte, um excelente disco de rock progressivo e experimental.
Se, ao olhar para o título do disco, porventura imaginaram congas saltitantes e instrumentos dignos do merengue, salsa ou por aí, desenganem-se. Os Holy Fuck são meninos ao serviço do rock, enveredando por uma electrónica melodiosa que não deixa a desejar. Uma formação atípica mas bem engendrada, com bateria, baixo e dois fulanos a brincar aos sintetizadores.

Poderíamos até incluí-los no panorama da musique concrète, movimento sobretudo abastecido por Matthew Herbert, no mundo de hoje, mas os canadianos não se esgotam num só estilo. Lá por utilizarem bonecada para crianças, fitas de filme e outros apetrechos que deus não desenhou para serem musicados, isso não cria doutrina na sonoridade dos Holy Fuck. Aliás, Latin é inaugurado por uma faixa que só serve para dar entrada à segunda, recorrendo a uma sobreposição de melodias em crescente distorção, desembocando por fim em “Red Lights”, uma ode à grandeza dos !!! (Chk Chk Chk).

E qual não é a nossa surpresa quando, anos depois de os Jafumega terem lançado “Latin’américa”, nos deparamos com um tema sob o mesmo nome, mas sem a mesma dose de piroseira.

Feita a referência ao vómito musical dos 80’s, “Stay Lit” lembra-nos os Radiohead do tempo de Hail To The Thief, só que num jeito assim mais para o épico. Até aqui, nada de fodas sagradas que o nome faz supor, mas esta gente não é dada ao desapontamento. Por isso, é sem surpresas que, a partir de “SHT MTN”, sexta faixa do disco, as coisas começam a adensar-se e os Holy Fuck mostram que sabem compor para estilhaçar. O baixo distorcido de Matt "Punchy" McQuaid a sacar harmónicos do outro mundo e as batidas não menos pujantes de Matt Schulz são condição essencial para puxar do rock, enquanto Brian Borcherdt e Graham Walsh se entretêm com a bonecada.

De facto, a única coisa realmente errada neste disco é o seu título. A electrónica que os Holy Fuck propõem, aliada a malhas rock que surpreendem (por terem apenas como base um baixo e uma bateria), faz com que elementos como a ausência de uma linha vocal – por vezes pede – passem absolutamente despercebidos. Se é esta a queca que a malta de Toronto tem para oferecer, então estamos totalmente “abertos” a ela.
Simão Martins
simaopmartins@gmail.com

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