DISCOS
The Golden Filter
Voluspa
· 05 Mai 2010 · 11:05 ·
The Golden Filter
Voluspa
2010
Brille Records


Sítios oficiais:
- The Golden Filter
- Brille Records
The Golden Filter
Voluspa
2010
Brille Records


Sítios oficiais:
- The Golden Filter
- Brille Records
Electropop contagiante cozinhada em lume alto. Sem ventilação.
Há muito que os The Golden Filter andavam a fazer-se ouvir através de um ou dois singles. Conhecíamos-lhes a sonoridade, a intenção, mas faltava o registo de longa duração para nos depararmos com o que vai para além da capacidade de fazer hits.

A entrada de Voluspa é consumada através de um violino de sintetizador – assumidíssimo, sublinhe-se – em “Dance Around The Fire”, que faz subir o pano para dar entrada à sensualíssima voz de Penelope Trappes. Batidas disco emergem igualmente dos bastidores, e eis que surge um dos elementos-chave de Voluspa: o baixo em arpeggio, por vezes carregadinho de reverb, completando um cenário de fácil digestão.

O sabor a 80’s não tarda a surgir, já que “Hide Me”, terceiro single desta dupla meio nova-iorquina (Trappes é australiana de gema), encara descomplexadamente a pop fácil de há duas décadas. Tudo isto é fácil, gastronómica e musicalmente falando – é esse o gostinho azedo do disco, demonstrando fórmulas repetidas e, nalguns casos, tristemente redundantes. No entanto, não baixem ainda os holofotes já que isto é contagiante que se farta.

“Solid Gold”, faixa que apresentou os The Golden Filter ao mundo, é uma das grandes malhas electropop de Voluspa. Ouvir Penelope a pronunciar repetidamente as variantes da palavra gold dá-nos arrepios na espinha, uma voz adocicada que parece tirada a papel químico do registo das Au Revoir Simone. Não há complicações, o que se encara facilmente como contraponto da fórmula repetitiva – assumem um estilo, desenvolvem-no e fazem-nos dançar. Já “Stardust” consegue elevar o disco a um patamar ainda não atingido, pelo clímax que proporciona através de orquestrações sintetizadas, jogos de breaks de percussão e um tema a lembrar melodias do oriente.

Talvez já tenhamos referido isto, mas um disco vale por aquilo a que se propõe. Se o objectivo é fazer-nos dançar, roçarmo-nos na mulher à nossa frente num ambiente de pura sensualidade, sob luzes avermelhadas, então Voluspa é o suficiente para compor o ramalhete. Repetitivo, é certo, mas quem dança por gosto não cansa.
Simão Martins
simaopmartins@gmail.com

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