DISCOS
Bonobo
Black Sands
· 20 Abr 2010 · 09:56 ·
Bonobo
Black Sands
2010
Ninja Tune


Sítios oficiais:
- Bonobo
- Ninja Tune
Bonobo
Black Sands
2010
Ninja Tune


Sítios oficiais:
- Bonobo
- Ninja Tune
O regresso do homem-macaco, cada vez mais confiante da sua arte.
Apesar de nunca se ter afirmado convenientemente como militante acérrimo do chamado nu-jazz, Bonobo sempre dançou desenvolto e despreocupado em torno de muitas das coordenadas que o nu-jazz propôs ao mundo. Muito do seu hip-hop ganhou espessura com a verve melódica que um punhado de bons aventureiros soltaram em nome da modernidade – muitos deles hoje em dia em busca de novas verdades.

Resistindo à tentação de aligeirar as fórmulas a que a massificação da tipologia foi forçada, Simon Green soube amadurecer as suas ideias ao longo dos últimos anos. E disso é exemplo este novo álbum. Mesmo ainda não conseguido se impor com uma linguagem de autor verdadeiramente sua, uma que confirme em definitivo o talento que transpira pela maioria dos poros, Bonobo tem habilidosamente erguido temas elegantes que nunca recusam uma boa ideia, independentemente da sua proveniência. Black Sands demonstra-o com subtileza na forma como se deixa contagiar pela música de Mr Scruff, de Quantic ou da The Cinematic Orchestra enquanto permite que o estudo da pop desenvolvido pelos Break Reform ou os Micatone lhe abra novas portas.

Black Sands comprova um Simon Green preparado para a composição instrumental; essencialmente mais confiante da sua arte. É aí que extraímos a ideia elementar que permite o elogio sincero a este quarto disco de originais, um disco cada vez menos dependente de samples para fazer valer os seus propósitos.

Black Sands é na certa o mais completo trabalho do homem-macaco: a produção é cuidada e ecléctica, sendo certificada a componente orgânica que no futuro satisfaça os desejos de transposição desta música para o palco. Andreya Triana é a senhora que se segue – depois de Bajka no disco anterior – e é indubitavelmente a escolha certa para a operação. "Eyesdown", "The Keeper" e "Stay the Same" comprovam-no pela voluptuosa sensualidade que emanam. Black Sands não é um disco arrebatador, mas que lá nos engata, engata. E sem artifícios levianos.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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