Assim à partida, já não ouvíamos falar de uma exportação de nome tão infeliz desde que a Enjabonarte (ler como os nuestros hermanos o fariam) decidiu assentar arraiais em Portugal há coisa de pouco tempo. Mas assim ultrapassadas as barreiras da língua (desculpem lá o parêntesis e esta última), há neste Sing a Sapling Into Existence um objecto curioso a descobrir. Resultado da união de esforços entre os britânicos Lone e Keaver & Brause, os Kona Triangle esculpiram aqui uma curiosa manta onde cabe o hip-hop instrumental a apontar para o futuro e a arquitectura informada de paisagens densas e ricas. E a coisa soa mesmo bem.

Esta última descrição já quase aponta para aí mas nunca é demais dizê-lo: Sing a Sapling Into Existence é cruzado por uma linha constante que remete muito directamente para os Boards of Canada. E essa linha é ao mesmo tempo o ponto forte e menos forte do disco dos Kona Triangle. A forma como os Kona Triangle cosem este disco é admirável: as batidas são as batidas que interessam e estão no sítio certo, as ambiências são luxuriantes e de uma qualidade orgânica a toda a prova. Sing a Sapling Into Existence é um disco quente, vivo, em constante transformação. Borbulhante, diríamos, já que é assim que nos aparecem as suas texturas.

Sing a Sapling Into Existence é um disco de escolhas estéticas certeiras, de jogadas relativamente seguras mas compensadoras. Não representa nenhum abalo às estruturas musicais conhecidas, mas este disco enquanto dura transmite uma certa sensação de frescura e de bom gosto que é suficiente para merecer uma nota muito positiva. Se não fosse lembrar tanto os óptimos registos que os Boards of Canada deram ao mundo nas últimas duas décadas, seria até merecedor de uma nota ainda mais afirmativa. Vale a pena estar atento a estes Kona Triangle; daqui ainda podem vir muito boas coisas.