DISCOS
V/A
My Estrogeneration
· 12 Mar 2010 · 00:27 ·
V/A
My Estrogeneration
2009
Not Not Fun


Sítios oficiais:
- Not Not Fun
V/A
My Estrogeneration
2009
Not Not Fun


Sítios oficiais:
- Not Not Fun
Compilação em vinil da Not Not Fun mostra 11 testemunhos no feminino de uma América à procura de si mesma.
A primeira compilação de sempre em vinil da muito interessante Not Not Fun Records (que editou, por exemplo, a estreia de Matt Mondanile a.k.a. Ducktails) retrata uma fornada de artistas femininas que, com trajectos e posicionamentos distintos, e de forma não linear, não fazem parte de nenhum circuito específico mas fornecem ao imaginário psicadélico / experimental / lo-fi / periférico da música norte-americana (sobretudo mas não só) imenso valor acrescentado. My Estrogeneration é, resumindo já, uma colheita bastante justa de algumas das maiores exploradoras actuais com resultados amplos e quase sempre interessantes.

My Estrogeneration não vale tanto por um ou outro momento especifico como vale pelo quadro pela, pela big picture. É incontornável o momento em que, por exemplo Zola Jesus resgata a beleza do ruído em “Heaven sold you back to Earth” ou em que Pocahaunted (onde milita Bethany Cosentino, senhora Best Coast) arrisca movimentações incorpóreas num tribalismo soterrado em camadas sonoras de grande efeito luminoso. Mas o valor acrescentado de My Estrogeneration está mesmo na narrativa construída por 11 episódios de uma beleza nem sempre directa mas eminentemente recompensadora.

Há em My Estrogeneration um universo construído por elementos vários: tessituras folk, manifestações noise, interferências electrónicas, vozes enfiadas em delay, explorações cósmicas, deambulações sem grandes hipóteses de categorizações. Mais do que falar do contributo de Inca Ore, Islaja ou Topaz Rags (que assina um dos melhores temas da compilação, rasgando a noite por entre pianos e nevoeiro), vale a pena destacar a coerência geral e o imaginário de um disco que funciona como uma espécie de mapeamento das músicas exploratórias no feminino. Para ouvir e voltar a ouvir porque a matéria é algo inesgotável.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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