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Tune-Yards
Birdbrains
· 09 Mar 2010 · 09:45 ·

Tune-Yards
Birdbrains
2009
4AD / Popstock
Sítios oficiais:
- Tune-Yards
- 4AD
- Popstock
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Ora agora irrita, ora agora estimula. Birdbrains oferece uma relação esquizofrénica a quem responder ao seu personal ad.
Merrill Garbus, que, para todos os efeitos, é os Tune-Yards (desculpem se não eScREvo O NomE ASsIm), não emprega a captação sonora mais sofisticada do mundo. E, quando assim é, convém que tal lo-fi seja um aglomerado de melodia e/ou ruído capaz de nos disparar as endorfinas, enquanto nos perturba as ideias de beleza sonora. Ora, se há fascínio suficiente num número aceitável de faixas de Birdbrains, outras existem que caem no pecado oh-tão-indie do diletantismo aplicado a géneros musicais supostamente clichezados. E isto quando não estamos demasiado perto dessa aberração chamada folktronica, no seu modo mais twee, logo merecedora de incineração forçada.
A força e fraqueza de Birdbrains centra-se, desde logo, nas guitarras e ukelele empregues. Quando é capaz de funcionar apenas com voz, dedilhares e bateria minimalisticamente minimal, o som dos dedos nas cordas parece cortar o ar como faca afiada, algo que é benéfico numa sonoridade destas. As músicas desenrolam-se em cadência enganchadora, numa folk que talvez nunca o tenha querido ser, e que desafia o bombo a estilhaçar o seu microfone. Garbus canta como quem combina a urgência com uma auto-limitação à velocidade, talhando as melodias sem retirar todas as farpas. Mas não ficou por aqui, e resolveu também jogar com a country, ou o bluegrass, e a verdade é que soa apenas a exercício de estilo. Não parece pitoresco, parece apenas irritante. Os géneros não merecem ser puros, nem restritos. Apenas não merecem igualmente a ideia de que qualquer um os pode tocar. Já agora, porque não armar-se ao free-jazz? Ao hip-hop? Ao dubstep?
Em suma, não há volta a dar. Birdbrains é demasiado desiquilibrado para o poder considerar um disco indispensável. Garbus tem o instinto pop necessário para fazer com que tudo isto funcione. Não pode, nem deve, ter medo dele, e tem a obrigação de aproveitar os calos que decerto criou ao fazer as suas cordas soarem assim. Como numa roda de amigos, por vezes é preciso virar as costas e dizer "Não" a certas experiências. A bola está do vosso lado. Toca a ajudar à reabilitação, e a encontrar a marca certa da metadona.
Nuno ProençaA força e fraqueza de Birdbrains centra-se, desde logo, nas guitarras e ukelele empregues. Quando é capaz de funcionar apenas com voz, dedilhares e bateria minimalisticamente minimal, o som dos dedos nas cordas parece cortar o ar como faca afiada, algo que é benéfico numa sonoridade destas. As músicas desenrolam-se em cadência enganchadora, numa folk que talvez nunca o tenha querido ser, e que desafia o bombo a estilhaçar o seu microfone. Garbus canta como quem combina a urgência com uma auto-limitação à velocidade, talhando as melodias sem retirar todas as farpas. Mas não ficou por aqui, e resolveu também jogar com a country, ou o bluegrass, e a verdade é que soa apenas a exercício de estilo. Não parece pitoresco, parece apenas irritante. Os géneros não merecem ser puros, nem restritos. Apenas não merecem igualmente a ideia de que qualquer um os pode tocar. Já agora, porque não armar-se ao free-jazz? Ao hip-hop? Ao dubstep?
Em suma, não há volta a dar. Birdbrains é demasiado desiquilibrado para o poder considerar um disco indispensável. Garbus tem o instinto pop necessário para fazer com que tudo isto funcione. Não pode, nem deve, ter medo dele, e tem a obrigação de aproveitar os calos que decerto criou ao fazer as suas cordas soarem assim. Como numa roda de amigos, por vezes é preciso virar as costas e dizer "Não" a certas experiências. A bola está do vosso lado. Toca a ajudar à reabilitação, e a encontrar a marca certa da metadona.
nunoproenca@gmail.com
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