DISCOS
Eddy Current Suppression Ring
Primary Colours / Eddy Current Suppression Ring
· 07 Jan 2010 · 12:16 ·
Eddy Current Suppression Ring
Primary Colours / Eddy Current Suppression Ring
2009
Melodic
Sítios oficiais:
- Eddy Current Suppression Ring
- Melodic
Primary Colours / Eddy Current Suppression Ring
2009
Melodic
Sítios oficiais:
- Eddy Current Suppression Ring
- Melodic
Eddy Current Suppression Ring
Primary Colours / Eddy Current Suppression Ring
2009
Melodic
Sítios oficiais:
- Eddy Current Suppression Ring
- Melodic
Primary Colours / Eddy Current Suppression Ring
2009
Melodic
Sítios oficiais:
- Eddy Current Suppression Ring
- Melodic
Sem exageros: aqui está uma das melhores exportações australianas desde os AC/DC.
Os Eddy Current Suppression Ring obrigam a alguns ajustes no capítulo rock d’O Livro do Guinness. Acrescento a): independentemente do número de garrafas vazias após uma noite com os Strokes, os Eddy Current Suppression Ring parecem capazes de duplicar o resultado em metade do tempo. Fazem do hooliganismo uma energia positiva e a pretensão das suas malhas de garagem é tão redonda como o zero. Acrescento b): se houver, fora do eixo Siltbreeze-In the Red, uma banda tão capaz de nos provar que o rock não pertence aos metrosexuais, então o Guinness deve realmente ser notificado.
Não foi contudo fácil encontrar heróis entre os rufias. Após algumas investidas pouco ou nada felizes (os Harrisons eram horríveis), a picareta da Melodic (de Manchester) embica finalmente numa banda de rock autêntico. A partir das origens do quarteto, podemos até imaginar uma versão punk do bem amado filme britânico Full Monty: na festa natalícia de uma fábrica de vinil, três dos operários convidam um colega (Brendan Suppression) para cantar numa jam espontânea. Depois vieram os topes da Austrália (sexto lugar!), prémios nacionais e dois álbuns, o debute homónimo e Primary Colours, que a Melodic trata agora de reeditar em conjunto.
Ainda não houve hype planetário para os ECSR, porque os rapazes nada têm para oferecer ao hype que vampiriza a novidade. Em vez de revolucionária, a estética é a do “pegar e começar a tocar” sem nunca deixar de confiar em São Iggy Pop (“Seek and Destroy” é um molde possível para metade destas canções). Abençoado por isso, Primary Colours necessitou apenas de um gravador de oito pistas para ser um filho-da-puta de disco, que ordena uma mão a aumentar o volume e a outra a tocar air guitar. Com a bomba a puxar ar dos Minutemen e The Fall, os 37 minutos de Primary Colours chegam para tudo. Em “That’s Inside of me”, os ECSR esquecem-se das palavras e desbundam à boa maneira do bar porco norte-americano, como faziam os Sebadoh no multifacetado Harmacy . Se não é um clássico, anda perto disso.
No lugar do disco de estreia, o mais cru Eddy Current Suppression Ring é um pouco inferior em termos de momentos memoráveis. Consegue, mesmo assim, ser tão despreocupado como Primary Colours e simples como as necessidades do homem: devora um “Cool Ice Cream” quando bem entende (nisso relembra a pizza dos Turbonegro) e converte histórias comuns em pretextos para riffs excepcionais (o de “Pitch a Tent” é capaz de picar o ex-Vicious Five Edgar Leito). Com tudo isto, sobra a certeza de que os Eddy Current Suppression Ring são uma das mais expressivas garantias de que o rock pelo rock ainda existe. Ámen.
Miguel ArsénioNão foi contudo fácil encontrar heróis entre os rufias. Após algumas investidas pouco ou nada felizes (os Harrisons eram horríveis), a picareta da Melodic (de Manchester) embica finalmente numa banda de rock autêntico. A partir das origens do quarteto, podemos até imaginar uma versão punk do bem amado filme britânico Full Monty: na festa natalícia de uma fábrica de vinil, três dos operários convidam um colega (Brendan Suppression) para cantar numa jam espontânea. Depois vieram os topes da Austrália (sexto lugar!), prémios nacionais e dois álbuns, o debute homónimo e Primary Colours, que a Melodic trata agora de reeditar em conjunto.
Ainda não houve hype planetário para os ECSR, porque os rapazes nada têm para oferecer ao hype que vampiriza a novidade. Em vez de revolucionária, a estética é a do “pegar e começar a tocar” sem nunca deixar de confiar em São Iggy Pop (“Seek and Destroy” é um molde possível para metade destas canções). Abençoado por isso, Primary Colours necessitou apenas de um gravador de oito pistas para ser um filho-da-puta de disco, que ordena uma mão a aumentar o volume e a outra a tocar air guitar. Com a bomba a puxar ar dos Minutemen e The Fall, os 37 minutos de Primary Colours chegam para tudo. Em “That’s Inside of me”, os ECSR esquecem-se das palavras e desbundam à boa maneira do bar porco norte-americano, como faziam os Sebadoh no multifacetado Harmacy . Se não é um clássico, anda perto disso.
No lugar do disco de estreia, o mais cru Eddy Current Suppression Ring é um pouco inferior em termos de momentos memoráveis. Consegue, mesmo assim, ser tão despreocupado como Primary Colours e simples como as necessidades do homem: devora um “Cool Ice Cream” quando bem entende (nisso relembra a pizza dos Turbonegro) e converte histórias comuns em pretextos para riffs excepcionais (o de “Pitch a Tent” é capaz de picar o ex-Vicious Five Edgar Leito). Com tudo isto, sobra a certeza de que os Eddy Current Suppression Ring são uma das mais expressivas garantias de que o rock pelo rock ainda existe. Ámen.
migarsenio@yahoo.com
RELACIONADO / Eddy Current Suppression Ring