DISCOS
Electrik Red
How to be a Lady, Volume 1
· 26 Out 2009 · 11:17 ·
Electrik Red
How to be a Lady, Volume 1
2009
Def Jam
Sítios oficiais:
- Electrik Red
- Def Jam
How to be a Lady, Volume 1
2009
Def Jam
Sítios oficiais:
- Electrik Red
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How to be a Lady, Volume 1
2009
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How to be a Lady, Volume 1
2009
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Indiscutivelmente, o melhor álbum de r'n'b de 2009.
Nem que fosse por recuperar uma certa sleaziness que tem estado ausente, grosso modo, da produção r'n'b mais recente, How to be a Lady, Volume 1 já validaria a sua existência. Serem consideradas as descendentes das Vanity 6 (que samplaram em “Glamour Girl”) são pontos extra, sem ter de recorrer ao argumento chave de serem protegidas do production team mais entusiasmante do r'n'b actual. The Dream e Tricky Stewart assinam a quase totalidade da produção, com excepção em dois temas da autoria de L.O.S. Da Mystro, a meias com o primeiro. Apesar do seu papel presidir a toda a concepção do álbum, How to be a Lady, Vol. 1 nunca deixa que o peso destes se abata sobre a personalidade vincada das Electrik Red. Trata-se de um manual feminino. Nem sempre feito de boas intenções, mas contundente com as personalidades distintas que lhe dão voz e corpo.
Enquanto manifesto, será difícil ser mais incisivo do que “No you don`t fuck me, nigga / We fuck you”. Sob a capa politicamente correcta da sigla “W.F.Y.” as ladies vão disparando rebuçados girl power de elegância lasciva, enquanto o instrumental se faz à pista de dança em batida 4/4 e cascatas de sintetizador. Mais à frente, “I hope my momma doesn't hear this song”, porque o respeito existe. Tangencialmente, “Kill Bill” reconverte a agressividade latente de algo como “Need a Boss” da Shareefa em subversão eufórica. Stomp impenetrável de tonalidades ameaçadoras iluminadas a néon rafeiro.
“Freaky Freaky” e “Drink in my Cup” são exemplos acabados de como atingir uma feminilidade provocante sem cair na brejeirice gratuita ou simulação boçal. A primeira pega no Timbaland dormente de “My Love” e torna-o em algo bem mais entusiasmante e sensual. Os tons menores de “Drink in my Cup” dotam-na de toda uma paranóia urbana que resplandece no “I'm flying high” que se sucede ao puro sleazy de “Got that drink in my cup”. Pegando nas visões de Prince para 1999, “Friend Lover” avança 10 anos e oferece-lhe candura, enquanto “Bed Rest” exala toda sensualidade groovy de Lovesexy em formato digital, sem recurso a mise-en-scéne exuberante.
Escapando à opulência xaroposa, How to be a Lady, Vol. 1 mostra também uma faceta mais vulnerável, sem cair em contradição com o pendor mais street wise dominante. “9 to 5” assume um maior classicismo formal com o seu piano doo-wop a entralaçar-se nas harmonias açucaradas, mesmo quando se deixa invadir por um sintetizador crunk no refrão. Num cumprimento de onda semelhante, “Devotion” é a balada borbulhante que mais parece ter sido criada num spa, e “Go Shawty” volatiliza a alienação das ruas para canção vaporosa. Tudo reflexos de uma Senhora, numa coerente diversidade.
Apesar de se tratar da sua estreia, as Electrik Red não são propriamente aquilo que se poderia chamar de novatas (depois de uma falsa partida em 2006). Revelando já uma identidade marcada que impede essa diversidade de resvalar para a incoerência. Coerência é, aliás, uma das características que fazem de How to be a Lady uma anomalia no actual panorama. Com a estreia de Keri Hilson remetida aos seus singles, as cinco ou seis boas canções de Fantasy Ride da Ciara ou um Memoirs of an Imperfect Angel demasiadamente mid-tempo, constata-se facilmente a mediania. Que as vendas têm traduzido. Desproporcional na relação entre vendas e qualidade, How to be a Lady, Vol. 1 conseguiu umas miseráveis 5000 cópias na semana em que foi lançado nos Estados Unidos (inviabilizando uma distribuição europeia). Fazendo recordar casos mais ou menos recentes como a estreia de Cassie ou The First Seed de Yummi Bingham. Descortinar as razões do insucesso não será tarefa para esta análise. As qualidades de How to be a Lady, Vol. 1 são evidentes. Permita-se o exagero, e passar-lhes ao lado é criminoso.
Bruno SilvaEnquanto manifesto, será difícil ser mais incisivo do que “No you don`t fuck me, nigga / We fuck you”. Sob a capa politicamente correcta da sigla “W.F.Y.” as ladies vão disparando rebuçados girl power de elegância lasciva, enquanto o instrumental se faz à pista de dança em batida 4/4 e cascatas de sintetizador. Mais à frente, “I hope my momma doesn't hear this song”, porque o respeito existe. Tangencialmente, “Kill Bill” reconverte a agressividade latente de algo como “Need a Boss” da Shareefa em subversão eufórica. Stomp impenetrável de tonalidades ameaçadoras iluminadas a néon rafeiro.
“Freaky Freaky” e “Drink in my Cup” são exemplos acabados de como atingir uma feminilidade provocante sem cair na brejeirice gratuita ou simulação boçal. A primeira pega no Timbaland dormente de “My Love” e torna-o em algo bem mais entusiasmante e sensual. Os tons menores de “Drink in my Cup” dotam-na de toda uma paranóia urbana que resplandece no “I'm flying high” que se sucede ao puro sleazy de “Got that drink in my cup”. Pegando nas visões de Prince para 1999, “Friend Lover” avança 10 anos e oferece-lhe candura, enquanto “Bed Rest” exala toda sensualidade groovy de Lovesexy em formato digital, sem recurso a mise-en-scéne exuberante.
Escapando à opulência xaroposa, How to be a Lady, Vol. 1 mostra também uma faceta mais vulnerável, sem cair em contradição com o pendor mais street wise dominante. “9 to 5” assume um maior classicismo formal com o seu piano doo-wop a entralaçar-se nas harmonias açucaradas, mesmo quando se deixa invadir por um sintetizador crunk no refrão. Num cumprimento de onda semelhante, “Devotion” é a balada borbulhante que mais parece ter sido criada num spa, e “Go Shawty” volatiliza a alienação das ruas para canção vaporosa. Tudo reflexos de uma Senhora, numa coerente diversidade.
Apesar de se tratar da sua estreia, as Electrik Red não são propriamente aquilo que se poderia chamar de novatas (depois de uma falsa partida em 2006). Revelando já uma identidade marcada que impede essa diversidade de resvalar para a incoerência. Coerência é, aliás, uma das características que fazem de How to be a Lady uma anomalia no actual panorama. Com a estreia de Keri Hilson remetida aos seus singles, as cinco ou seis boas canções de Fantasy Ride da Ciara ou um Memoirs of an Imperfect Angel demasiadamente mid-tempo, constata-se facilmente a mediania. Que as vendas têm traduzido. Desproporcional na relação entre vendas e qualidade, How to be a Lady, Vol. 1 conseguiu umas miseráveis 5000 cópias na semana em que foi lançado nos Estados Unidos (inviabilizando uma distribuição europeia). Fazendo recordar casos mais ou menos recentes como a estreia de Cassie ou The First Seed de Yummi Bingham. Descortinar as razões do insucesso não será tarefa para esta análise. As qualidades de How to be a Lady, Vol. 1 são evidentes. Permita-se o exagero, e passar-lhes ao lado é criminoso.
celasdeathsquad@gmail.com
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