DISCOS
V/A
Mary Anne Hobbs Presentes Wild Angels
· 25 Set 2009 · 21:26 ·
V/A
Mary Anne Hobbs Presentes Wild Angels
2009
Planet Mu


Sítios oficiais:
- Planet Mu
V/A
Mary Anne Hobbs Presentes Wild Angels
2009
Planet Mu


Sítios oficiais:
- Planet Mu
Depois do desfile dos protegidos, Hobbs testa-nos a resistência psicológica com truques de feiticeiros aprendizes.
Depois de privilegiar os seus protegidos em Evangeline (2008), Mary Anne Hobbs regressa à missão primordial que a catapultou para a primeira liga da divulgação da nova música electrónica (por mais estranhas e bizarras que sejam algumas das estéticas que por aí são desenvolvidas em nome da inovação). Nesta operação especifica, conta, sem dúvida, o esforço de reunir quase duas dezenas de temas de anjinhos desconhecidos que pela mão de uma divulgadora profissional, vê uma janela aberta para afirmação dos seus propósitos. Mas divulgar na rádio não é o mesmo que divulgar num CD. E se em duas horas semanais há espaço suficiente para divagações entre o pertinente, a mera curiosidade e a excelência, uma antologia deve reflectir um certo ecletismo que privilegie o que de melhor se vai executando mundo fora em caves indistintas.

Novidades haverá sempre, mesmo não havendo grandes motivos para rasgados elogios. Wild Angels, a terceira antologia da responsabilidade da DJ e radialista Mary Anne Hobbs, talvez seja o exemplo paradigmático da síndrome da colheita precipitada, do fruto verde sem o suco adocicado, do objecto oportuno que parasita os escaparates apelando sem dó à curiosidade do melómano, mesmo quando não há grande substância para atrair as moscas num dia de Verão.

Wild Angels é, à semelhança de Evangeline, um longo testamento de pseudo-novidades. Tem um alinhamento de 18 temas, dividido entre nomes interessantes e nomes que ainda hoje devem estar para perceber como é que alguém achou piada ao que chamam música. Os momentos de ressalva – a que se consente a conclusão que a perda de tempo não foi atroz – são escassos. Untold, Tranquill, Architeq, Darkstar, Floating Points e Nosaj Thing são dos poucos a permitirem a nossa indulgência, sublinhando-se meia dúzia de lances (retalhados entre um hip-hop cibernético tomado pelo glitch, o dubstep progressivo e um techno obscuro e abstracto) empenhados em proporcionar algum prazer ao corpo e à mente – sobretudo à mente. Tudo o resto – nem o veterano Mark Pritchard sabe muito bem o que aqui anda a fazer – não passam de truques baratos, desnecessários e inconsequentes de feiticeiros aprendizes que ainda não perceberam que também é preciso um pouco de inteligência para fazer este tipo de música.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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