Tropical IDM? Tropical pop? Ambient pop? Hypnagogic pop não será certamente, pois o hypnagogic pop não bate assim – pode bater, mas não desta forma. Mas este disco bate, entenda-se. Mesmo sem se cravar nele um rótulo ou classificação. Parece nem ser necessário. É mais interessante perceber de que forma pode afectar um humano. Este Ocean Sunbirds é o equivalente a receber uma transfusão de sangue de um atleta de alta competição depois de anos sentado num sofá. É assim revigorante, apesar de ser possível escutá-lo sem que se levante o rabo do mesmo sofá. A viagem pode ser feita perfeitamente sentado no conforto do lar. Sim, lembra um pouco o processo de Panda Bear mas parece ao mesmo inteiramente diferente – e é-o.

Enquanto que em Person Pitch o ritmo parece ser o princípio e razão de tudo (e isso não é de todo pouco elogioso), aqui parece ser apenas uma consequência lógica do trabalho exploratório de Jason Baxter e Kyle Hargus. E a electrónica é de outro género; vive mais sozinha, é mais detalhista, vive menos de samples. Há um manto de sol que cobre este disco, e uma forte dose tropical. Ambas as realidades permitem que se volte a ele com interesse redobrado para continuar esta jornada que não parece ter fim. A começar em “Soft White Watts” a acabar em “All the lights are on in Malibu”, Ocean Sunbirds é um disco para ir descobrindo a cada mudança de cor, a cada pormenor introduzido, a cada raio de sol mais intenso que consegue furar o ruído bom gerado pelos Universal Studios Florida. Este é um disco riquíssimo sonoramente, com acabamentos de luxo. Isto apesar de Jason Baxter e Kyle Hargus não terem em nada biografias de estudiosos da electrónica.

As colaborações no disco, nas vozes, são, quanto mais não seja, excelentes dicas para que se possa perceber um pouco melhor os laços que unem estes Universal Studios Florida a um contexto, a uma realidade (se é que isso interessa a alguém nos dias de hoje): Alaskas, Blind Man's Colour e Big Spider's Back. Tudo boa gente. Chame-se o que se quiser mas há muito boa música a sair "daquelas" paragens. E mais do que destacar uma participação ou até um tema específico, urge sublinhar a coesão deste disco e o sentido que faz todas estas canções num mesmo disco, numa mesma viagem, nesta altura do ano - não se sabe até quando e isso até é bom. Ocean Sunbirds é um disco que irradia felicidade e por isso não aconselhável a todos. Mas é certamente recomendável a quem por exemplo quiser tirar da boca o amargo sabor de pop gasta ou electrónica deslavada. É, sem dúvida, uma das excelentes surpresas que 2009 nos reservou até hoje.