DISCOS
Sonic Youth
The Eternal
· 03 Set 2009 · 23:10 ·
Sonic Youth
The Eternal
2009
Matador / Popstock Portugal


Sítios oficiais:
- Sonic Youth
- Matador
- Popstock Portugal
Sonic Youth
The Eternal
2009
Matador / Popstock Portugal


Sítios oficiais:
- Sonic Youth
- Matador
- Popstock Portugal
Não tem nada que enganar: o 16º disco de Thurston Moore e Cia. é mais um capítulo excitante no meio de uma discografia impressionante.
A magnifica capa de The Eternal, uma pintura do genial John Fahey, mostra uma espécie de redemoinho que parece engolir energia de várias cores e tonalidades, um turbilhão de electricidade e matéria. A imagem é um excelente resumo daquilo que os Sonic Youth fizeram ao rock: engoliram-no vivo, abanaram com ele e cuspiram algo irreconhecível e transgressor. E ao longo de mais de 20 anos deixaram-nos alguns dos mais excitantes testemunhos de desrespeito aos formalismos do rock. Mas é cedo demais para falar deles como se o fim estivesse para breve.

Regressados às lides independentes, assinados pela Matador, fecham a década condenada – é lembrar o YK2 – com o mesmo sucesso de Murray Street e Rather Ripped - Sonic Nurse ficou alguns furos abaixo. Thurston Moore tinha avisado que queria um disco de “metal brutal, um disco super-pesado, esmagador” e de facto, em abono da verdade, agressividade é o que não falta a este The Eternal. Em “What We Know”, por exemplo, explosão de riffs com a marca inconfundível dos Sonic Youth, a inquietude de quem parte para um novo disco com as premissas certas à procura do Santo Gral. São sempre canções, é certo, mas com guitarras se “afinam” sempre nas suas extremidades, com um doce e romântico alheamento das regras. E se na primeira parte do disco não há uma única canção abaixo de entusiasmante, na segunda parte temas como “Thunderclap For Bobby Pyn” ou “No Way” dão vontade de colocar The Eternal como um dos melhores discos da banda.

No final, com mais calma, percebemos que este The Eternal está distante do tríptico perfeito EVOL / Sister / Daydream Nation; mas também a sorte que temos em, por estas alturas, os Sonic Youth existirem e insistirem nesta exploração sónica que, com altos e baixos, tem rendido bons frutos desde 1982. No virar de mais uma década, The Eternal mostra uns Sonic Youth em perfeita forma, certíssimos do passado que já foi e do futuro a seguir; o som continua a formar-se (e, felizmente, a transformar-se), as guitarras – estas – apontam ainda o caminho a tantos novos exploradores - e nem vale a pena pensar no dia em que se possam calar. Felizmente, os Sonic Youth são uma daquelas bandas que se recusaram a acusar o peso do crescer até ser adulto – e ouvi-los é como seguir na direcção correcta.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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