DISCOS
V/A
Viva Cubop 3
· 27 Mar 2003 · 08:00 ·
V/A
Viva Cubop 3
2003
Cubop Records


Sítios oficiais:
- Cubop Records
V/A
Viva Cubop 3
2003
Cubop Records


Sítios oficiais:
- Cubop Records
Não sou particularmente fã de compilações! Opinião que tem vindo a ser reforçada nos últimos tempos, onde os escaparates das lojas são autenticamente bombardeados por compilações, que apresentam total falta de bom gosto e de critério na escolha musical. Simultaneamente assisto ao declínio de séries que primavam pela sua capacidade de nos oferecer inovação musical.

Daí que tenha recebido este “Viva Cubop 3” com alguma relutância, mas na verdade, audição a audição, fui-me deixando seduzir pelos seus ritmos quentes, numa abordagem ao jazz misturado com os ritmos latinos e afro-cubanos, que prima pela originalidade e humor. Outra vantagem desta compilação é o facto de nos trazer um universo pouco conhecido pela maioria, introduzindo autores novos (não em idade cronológica note-se) e fugindo mais uma vez à banalidade e repetição dos suspeitos do costume.

Inicia-se com uma homenagem a um mítico álbum (e difícil de encontrar) “Cuban Roots”. Entretanto “My Favorite Things”, por Franscisco Aguabella traz-nos uma versão carregada de electricidade e de fusão, entre a visível influência académica americana (colaborações com Sinatra, Gillespie), e os amados ritmos latinos.

Papo Vazquez traz o ecletismo, o vanguardismo no seu jazz progressivo numa música largamente influenciada por Coltrane, em que são mesclados os ritmos porto-riquenhos e cubanos. Um dos momentos mais altos é trazido pelos “Har you Percussion Group”, que resulta do trabalho escolar de jovens de 16-19 anos, conseguindo colocar qualquer pessoa a saltitar com a sua cadeia rítmica irresistível. Dave Pike encanta com a sua jovialidade e sensualidade, enquanto Derf Reklaw mostra-se inventivo com uma música assente num chorrilho de percusões, onde surgem em 2º plano um piano suave, uma guitarra bastante pesada e o inevitável trompete.

Pela negativa temos Pucho & Latin Soul Bros, a quem falta energia, alma, o fogo que normalmente emanam estes ritmos, não chegando ao prometido pelo nome do álbum (Caliente con Soul), do qual foi retirada a faixa, assim como, falta de imaginação de alguns autores para conseguirem libertar-se para alguma improvisação. Também presentes estão: o respeitado percussionista Bobby Matos, John Santos, Ray Armando, entre outros.

No cômputo geral foi uma bela surpresa e acendeu, porventura uma paixão, porque estes ritmos não nos deixam indiferentes, e a sua música que carrega consigo história, originalidade, sentimento, podendo muitas vezes apelar a ritmos extremamente díspares, de forma a fazer as delícias, quer do amante (e dançante) dos ritmos latinos e afro-cubanos, quer ao bom ouvinte de jazz.
Miguel Marques

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